Nem as cervejas escaparam da mudança na preferência dos consumidores em favor de produtos mais baratos, segundo indicou ontem, quinta-feira, a maior cervejaria do mundo.
A AB-InBev, fabricante das marcas de cerveja Budweiser, Stella Artois e Beck´s, divulgou resultados financeiros acima das expectativas no segundo trimestre, mas alertou para a contínua desaceleração na demanda nesta segunda metade do ano.
Alguns consumidores vêm optando agora por marcas mais baratas, de acordo com a companhia. A mudança é uma reversão da tendência vista no setor nos últimos anos, na qual os consumidores optavam por marcas mais caras, com maiores margens de lucro.
"Estamos entrando na segunda metade de 2009 com um ritmo operacional forte, mas reconhecemos que muitos desafios permanecem", afirmou o executivo-chefe da empresa, Carlos Brito. "A indústria de cerveja não está imune às pressões econômicas", disse o executivo.
Para analistas, as cervejarias agora parecem estar no mesmo barco que outras empresas de bens de consumo, como Procter & Gamble e Unilever. Tradicionalmente capazes de cobrar preços mais caros por suas marcas, as duas agora lançam produtos mais baratos para concorrer com as marcas próprias e as redes varejistas de desconto.
"No longo prazo, a tendência é que o padrão de consumo melhore, mas esse movimentou se reverteu por enquanto", observou o analista Andrew Holland, da corretora Evolution Securities. A situação dificilmente melhorará até que a taxa de desemprego deixe de subir
As vendas totais de cerveja da AB-InBev, em volume, caíram 1,2% no segundo trimestre. Nos Estados Unidos, contudo, a receita avançou 2,4%, sustentada por aumentos de preços promovidos em 2008, pela queda no custo das commodities e das embalagens e nos cortes de despesas.
A cervejaria ressaltou que o aumento na receita foi ofuscado por um consumo "seletivo" de marcas mais baratas, como Busch e Natural. As marcas de melhor relação custo/benefício nos EUA representam cerca de 25% das vendas, em volumes, da Anheuser-Busch, unidade da AB-InBev no país.
Brito destacou que a cervejaria continuará a centrar-se em marcas mundiais de maior valor, como Budweiser, Stella Artois e Beck´s. Analistas dizem que a cervejaria parece estar atenta à piora no padrão de compra, com o lançamento no Reino Unido da versão chamada Stella Artois "4%". Ela é mais barata e tem menor teor alcoólico do que a Stella normal.
A AB-InBev registrou aumento de 22% no lucro do segundo trimestre, para US$ 1,35 bilhão. A receita total cresceu 1,4%, para US$ 9,5 bilhões. As ações da companhia fecharam ontem em baixa de 6% , a € 27,06.
Veículo: Valor Econômico