Rivais vão à SDE contra nova garrafa da AmBev

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Para Associação Brasileira de Bebidas, embalagem de 1 litro com nome em relevo prejudica a concorrência, pois impede sua reutilização

 

Na tentativa de fazer com que a AmBev - dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica -, deixe de fabricar a embalagem de um litro de cerveja com seu nome em relevo no alto da garrafa, e também de impedir a circulação dos "litrões" já em circulação, a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) entrou ontem, em Brasília, com uma representação na Secretaria de Direito Econômico (SDE), no Ministério da Justiça. É mais um capítulo na interminável disputa por participação de mercado entre os maiores fabricantes do setor.

 

A força da argumentação no documento encaminhado ao órgão de defesa da concorrência para justificar o pedido, segundo a advogada da Abrabe, Paula Forgioni, estaria no fato de que o uso do "litrão exclusivo", ao inviabilizar a utilização do parque de embalagens compartilhadas por outros fabricantes de cerveja, é mais um passo da AmBev no sentido de conseguir a fidelidade dos consumidores. "A AmBev usa táticas de arrasar os competidores e impedir o surgimento de novos ao dificultar o acesso e o escoamento de suas produções", diz.

 

A Abrabe, que representa principalmente os interesses de duas das mais aguerridas concorrentes da AmBev - as cervejarias Schincariol e Petrópolis -, relaciona o que considera ser uma "armação gradual e contínua" da AmBev para se manter confortavelmente na posição de mercado que tem hoje, com cerca de 70% de participação no volume de vendas no País.

 

Esse processo começou em março de 2007, quando a SDE condenou a AmBev pelo programa "Tô Contigo", que fazia com que bares acabassem vendendo apenas as marcas da empresa. É o mesmo caso que em julho deste ano resultou na maior multa (R$ 353 milhões) já aplicada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A AmBev recorre dessa decisão.

 

Essa tática de garantir mercado, segundo a Abrabe, teve uma nova etapa com a chegada aos pontos de venda, em outubro do ano passado, do "litrão", que é retornável, mas tem o nome da empresa em relevo, o que impede o uso dessa mesma embalagem pela concorrência. "O litrão é vendido pelo mesmo preço das garrafas menores para conquistar clientes que, com essa política agressiva, acabam presos à AmBev", diz Paula.

 

A Abrabe deve encerrar nos próximos dias pesquisa realizada em 500 adegas e bares em que, segundo Paula, ficam evidentes os ganhos da AmBev com a expansão das garrafas de um litro. "A maioria deles respondeu que não tem capital de giro e nem espaço para trabalhar com garrafas diferenciadas. Dessa forma, a AmBev garante a fidelidade às suas marcas". Procurada, a AmBev informou apenas que ainda não foi notificada sobre esse processo.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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