A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) ingressou, ontem, com pedido de abertura de investigações na Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça contra a garrafa de 1 litro da AmBev.
O problema, segundo a entidade, é que a garrafa vem com a marca da AmBev e não pode ser trocada por outras, de marcas concorrentes. A Abrabe acredita que, por causa disso, os pontos de venda poderiam se tornar fiéis às marcas da AmBev, em prejuízo das demais.
"Nunca é demais lembrar que a AmBev possui posição absolutamente dominante nesse mercado", afirmou Paula Forgioni, advogada da Abrabe. "Se assim é, seus atos têm a potencialidade de gerar, de imediato, sérios e irreversíveis prejuízos à concorrência", completou.
No pedido feito à SDE, a Abrabe usou fotografias de pontos de venda no Rio de Janeiro, onde a nova garrafa estaria sendo fornecida de graça. As fotos contêm cartazes de promoções da Skol, nas quais o casco de 1 litro seria concedido como brinde. A entidade diz que o "litrão" da AmBev está sendo distribuído com maior força nas periferias de São Paulo e de Porto Alegre.
A AmBev defende o lançamento do "litrão" por considerá-lo um produto novo. Para a companhia essa garrafa é diferente de outra, de 630 ml, que também foi objeto de reclamações da Abrabe. No caso da garrafa de 630 ml, a Abrabe contestou o fato de essa garrafa se confundir com as outras, de 600 ml, e dificultar o trabalho de separação pelos pontos de venda, o que aumentaria os custos desses pontos. No caso do "litrão", a AmBev diz que é impossível confundi-lo com outras garrafas e, portanto, os pontos não teriam esse custo. Para a companhia, o "litrão" estaria dentro da liberdade que ela tem de lançar produtos no mercado.
Mas, para a Abrabe, há o risco de os pontos trocarem as garrafas de 600 ml pelo "litrão". Por isso, a entidade pediu à SDE que proíba a companhia de utilizar garrafas que não possam ser trocadas pelas marcas concorrentes. A Abrabe pediu ainda que a AmBev seja obrigada a informar previamente a respeito de eventuais alterações em suas garrafas e requereu, por fim, a condenação da companhia por supostos prejuízos à concorrência. A SDE vai abrir prazo para ouvir a AmBev antes de tomar qualquer atitude a respeito desse novo pedido de investigação.
Veículo: Valor Econômico