Exportações brasileiras de suco de laranja terão nova queda este ano

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Com a demanda global ainda retraída, sobretudo em mercados como a União Europeia e os Estados Unidos, e preços em baixos patamares, as exportações brasileiras de suco de laranja deverão encerrar 2009 com novas diminuições tanto no volume quanto na receita dos embarques, como já ocorreu em 2008.

 

Estimativas apresentadas pela recém-criada Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) apontam para um volume de vendas entre 1 milhão e 1,1 milhão toneladas, ante 1,291 milhão no ano passado, e para um faturamento equivalente da ordem de US$ 1,5 bilhão, uma queda de 25% em igual comparação.

 

Foram essas as variações negativas apontadas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na comparação entre os resultados dos oito primeiros meses deste ano e de 2008, o que sinaliza que o segmento não espera surpresas até dezembro, até porque o comportamento do mercado não dá margens para temores sobre possíveis pioras ou esperanças de melhoras.

 

Até agosto, os embarques brasileiros somaram 802 mil toneladas, ou US$ 1,051 bilhão. Todos os volumes divulgados incluem as tradicionais exportações de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) e as vendas de suco não concentrado (NFC), que entrou na pauta de exportações em 2003.

 

Nesses cálculos, os volumes de NFC são convertidos ao equivalente em FCOJ. Com demanda internacional crescente nos últimos anos, sobretudo por preservar melhor as características naturais do suco, o NFC ocupa um volume seis vezes maior que o concentrado.

 

Isso explica porque a tonelada no FCOJ é negociada hoje por cerca de US$ 1 mil e a de NFC custa em torno de US$ 400. Mas, como os custos de transporte do NFC são muito superiores, a margem de lucro oferecida pelo produto costuma ser menor que no caso do suco concentrado.

 

Em encontro com jornalistas ontem em São Paulo, Christian Lohbauer, presidente da CitrusBR, lembrou que a erosão da demanda global é bem anterior à crise financeira que se aprofundou nos EUA em setembro de 2008 e que provocou uma desaceleração econômica quase generalizada.

 

Os problemas tiveram início em 2001, sobretudo por conta da expansão da oferta e do consumo de outras bebidas à base de frutas. Mesmo a concorrência com refrigerantes de baixos teores de açúcares também prejudicou as vendas de suco em diversos mercados, como já atestaram pesquisas com consumidores.

 

De 2001 a 2009, afirmou Lohbauer, o consumo mundial recuou 17%, com destaque para tombos maiores na União Europeia (10%) e nos EUA (29%), os dois principais "clientes" do suco brasileiro.

 

Assim sendo, os estoques internacionais subiram - nos EUA, a um nível recorde -, o que dificulta ainda mais a recuperação dos preços. Se hoje sai por cerca de US$ 1 mil, a tonelada do suco concentrado chegou a superar, há três anos, a barreira de US$ 2 mil. Mas isso depois que furacões arrasaram a produção da Flórida. O Brasil responde por 81% das exportações mundiais de suco de laranja; os EUA, graças à Flórida, por outros 9%.
 


Veículo: Valor Econômico


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