O CEO da Anheuser-Busch InBev, Carlos Brito, afirmou ontem que haverá "muito mais" espaço para a empresa expandir-se internacionalmente, inclusive com aquisições, depois que tiver saldado mais de suas dívidas.
A maior cervejaria do mundo está "focada em desalavancar-se nos próximos um a dois anos", embora "isso não signifique" que não possa avaliar "oportunidades", afirmou Brito em entrevista por telefone, em Nova York. A AB-InBev estudará aquisições com cuidado, disse Brito, que não quis mencionar regiões específicas.
Desde a fusão de US$ 52 bilhões que criou a empresa em novembro, a AB-InBev reduziu pessoal, diferenciou orçamentos de marketing de marcas e vendeu ativos para ajudar a pagar suas dívidas. Nos últimos dez meses, a companhia completou quase 70% do plano de vender operações de US$ 7 bilhões. "Nas Américas, ainda temos muito a fazer" em termos de expansão, afirmou. "A China é uma grande aposta."
A empresa usará American Depositary Receipts (ADRs) de uma listagem secundária na Bolsa de Valores de Nova York. Os papéis começaram a ser negociados ontem sob o símbolo "BUD". Isso torna as ações da companhia mais acessíveis a investidores nos Estados Unidos, disse o CEO.
"A Anheuser-Busch InBev mudou seu foco para tornar-se uma companhia das Américas e isso faz parte do processo", afirmou a analista Lucinda O´Connor, do Credit Suisse, em Londres, em entrevista por telefone. "Eles sabem que há demanda por ações entre os investidores domésticos nos EUA, aos quais não tinham acesso anteriormente." O Credit Suisse avalia as ações da AB-InBev com classificação de "desempenho acima da média do mercado".
As ADRs fecharam em alta de 1,5%, cotadas a US$ 46,95, em Nova York. Cada ADR equivale a uma ação ordinária da AB-InBev, que continuará sendo negociada em Bruxelas, na Euronext, na listagem primária. A cervejaria, com sede em Leuven, na Bélgica, não avalia atualmente listar ações ordinárias fora de Bruxelas, segundo Brito.
Ainda restam muitas "oportunidades" para a fabricante das marcas Stella Artois e Budweiser cortar custos e elevar as vendas de suas marcas nos EUA, onde obtém mais de 40% dos lucros, disse Brito.
"Ainda há muito a se fazer nos EUA em termos de gestão de receita, programas de mercado, melhoria da carteira de marcas e sinergias que vamos obter", afirmou Brito. "Um dos maiores problemas nos EUA é o que fazer primeiro."
Uma área de atenção será ampliar as marcas importadas, como Stella Artois, Leffe e Beck´s, já que algumas "podem fazer um melhor trabalho para nós", disse o executivo. As vendas da Stella Artois estão subindo mais de 10% nos EUA, destacou.
"Precisamos continuar a desenvolver marcas que levem os consumidores a pagar um preço superior no futuro", disse Brito.
Veículo: Valor Econômico