Os fundos de private equity Blackstone e a Lion Capital selaram um dos maiores negócios de seu segmento no ano, ao acertarem a venda, por € 2,6 bilhões, de sua controlada Orangina Schweppes, a fabricante francesa de refrigerantes, para a concorrente japonesa Suntory.
A venda é uma boa notícia para os investidores de private equity (investimento em participações de empresas), uma vez que o fluxo de dinheiro proporcionado pelo segmento caiu muito nos últimos dois anos, depois que o aperto de crédito secou os financiamentos bancários e tornou as operações de abertura de capital muito mais difíceis.
A Suntory, fabricante de cerveja, uísque e refrigerantes de capital fechado, que está negociando uma fusão com a também japonesa Kirin, fez uma oferta firme pela Orangina, segundo informaram ontem as firmas de private equity que a controlam.
A Orangina, dona das marcas Schweppes, Oasis, Pulco e La Casera, emprega 2,5 mil pessoas e faturou € 1 bilhão em 2008. O preço de € 2,6 bilhões a avalia em cerca de 11 a 12 vezes seus lucros históricos antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (lajida).
O acordo vai gerar um retorno de mais de duas vezes o investimento inicial do Lion e do Blackstone, que gastaram € 300 milhões cada um, com o resto financiado por endividamento.
As duas firmas disseram que a Orangina "vai agora empreender comunicações e consultas com representes relevantes dos funcionários". "O Blackstone Group e o Lion Capital somente poderão tomar uma decisão quanto à aceitação da proposta assim que as medidas sociais, legais e reguladoras necessárias forem concluídas", afirmaram.
A Asahi, uma fabricante de cerveja japonesa, demonstrou interesse em fazer uma proposta pela Orangina, numa tentativa de superar a oferta da Suntory, mas não foi bem-sucedida.
O negócio será uma das maiores compras internacionais já feitas por uma companhia japonesa de alimentos e bebidas. As fabricantes de cerveja do Japão fizeram este ano aquisições de US$ 5,7 bilhões, número que em todo o ano de 2008 foi de US$ 1,6 bilhão, segundo a Dealogic.
A Orangina é bastante conhecida como marca de refrigerante da França, embora já não esteja mais sob controle francês há quase uma década. A marca ficou nas mãos da família Breton até 1984, quando foi adquirida pelo grupo Pernod Ricard. Em 2000, a Pernod vendeu suas operações de refrigerantes para a Cadbury Schweppes, para se concentrar em vinhos e destilados. Isso seguiu-se a uma tentativa anterior da Pernod de vender a Orangina e suas marcas de refrigerantes para a Coca-Cola, negócio que foi frustrado pelo governo francês, que temia concentração de mercado. A Cadbury não conseguiu obter as economias de custos esperadas, o que atribuiu aos acordos de produção complexos e às demoradas consultas aos funcionários que precedem uma reestruturação corporativa na França, e vendeu sua operação europeia de refrigerantes para o Blackstone e o Lion Capital em 2006.
Veículo: Valor Econômico