Refrigerantes: Coca, Pepsi e Ouro Fino investem no segmento, que teve queda de venda de 15%
Poucas prateleiras no supermercado são tão monótonas quanto as das chamadas bebidas levemente gaseificadas. Visualmente, a gôndola não passa de uma estante cheia de garrafinhas verdes. Não é para menos. Diferentemente do que acontece no México e no Reino Unido - dois dos maiores mercados mundiais do produto, vendido em sabores que vão de morango ao exótico hibisco - por aqui a versão limão concentra 77% do volume vendido. Tanta falta de variedade acabou se refletindo nas vendas, que no primeiro semestre encolheram 15% em volume e 9,2% em valor, segundo a Nielsen. Mas, no que depender da Coca-Cola, da PepsiCo e também da Ouro Fino, o próximo verão vai ficar marcado como o da diversificação desse segmento, que movimentou R$ 675 milhões em 2008.
As três empresas estão lançando bebidas com pouco gás, de baixa caloria, feitas a base de suco de frutas e com sabores inusitados. A PepsiCo, em conjunto com a AmBev, está colocando no varejo a Frutzzz, um produto, segundo as duas empresas, "com suco natural de frutas e baixa gaseificação, sem adição de açúcar e nos sabores uva, laranja e pêssego". A Coca-Cola está relançando a Aquarius Fresh. O item, que já está sendo vendido no Paraná e chega no fim do mês a São Paulo, agora é feito a base de sucos de maçã e limão, com aroma abacaxi com hortelã, uva ou limão. Para não ficar atrás, a tradicional marca de água mineral Ouro Fino lança a Ouro Fino Fresh maçã, tangerina ou limão. Todas terão preço sugerido entre R$ 1,50 para 360 ml e 510 ml e de R$ 2,30 a R$ 2,60 para 1 litro e 1,5 litro.
"Há três anos, quando as multinacionais lançaram esses refrigerantes, elas pisaram no calo das empresas de água mineral: queriam classificar o produto como água saborizada", lembra Guto Mocellin, presidente do conselho da Ouro Fino. "Agora sou eu quem vai pisar no calo deles, com esse refrigerante", brinca ele, que está investindo R$ 1 milhão na chegada da Ouro Fino Fresh ao mercado.
De fato, cada fabricante classifica seu produto de uma maneira diferente. A PepsiCo, por exemplo, diz que Frutzz não é refrigerante, nem suco, mas "bebida mista". A Coca-Cola classificou a Aquarius Fresh como a "nova geração de bebidas levemente gaseificadas".
Na verdade, toda essa discussão tem uma justificativa. "Existe a percepção, por parte dos consumidores, de que os refrigerantes são produtos muito artificiais", diz Adalberto Viviani, consultor especializado no mercado de bebidas. "Independentemente de como são registrados, todos esses lançamentos são vistos pelo consumidor como uma alternativa mais natural ao refrigerante", acrescenta ele.
Já a ideia de lançar sabores diferentes - além de seguir uma tendência internacional - é uma tentativa de dar uma chacoalhada no segmento, que teve grande crescimento nos seus primeiros anos, depois de sua estreia em 2006, com a H2OH!. Em 2007, com mais competidores, o segmento vendeu 140,3 milhões de litros, com faturamento de R$ 383,8 milhões, de acordo com a Nielsen. Já no ano passado, foram comercializados 242,7 milhões de litros, ou R$ 675,3 milhões. Em 2009, as vendas diminuíram para 170 milhões de litros até junho, ou R$ 470,4 milhões - contra 145 milhões de litros e R$ 427 milhões do primeiro semestre de 2008.
A diversificação, segundo John Pinto, diretor de marketing da Coca-Cola Brasil, é o caminho para fazer a categoria engrenar novamente. Por isso, segundo ele, a companhia decidiu relançar Aquarius Fresh, desta vem em garrafas amarelas, roxas e verde-limão. "Esse mercado representa 2% do total de refrigerantes", diz ele. "Na Argentina, esse percentual pula para 17% , no México chega a 11% e no Reino Unido fica em 9%."
Veículo: Valor Econômico