Cachaças populares criam linhas para as classes A e B

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Aline, diretora de Marketing da Ypióca: uma campanha publicitária nos 160 anos de história da empresa. Pinga, cachaça, aguardente e branquinha são sinônimos para a mesma bebida feita a partir da cana-de-açúcar. Por muito tempo, a aguardente – embora bastante consumida no Brasil, principalmente pelas classes menos favorecidas – não teve lugar de destaque nas prateleiras dos bares.

 

Nos últimos anos, entretanto, isso vem mudando. Desde que as cachaças mineiras caíram no gosto do consumidor, beber pinga virou "degustar". Agora, também os grandes produtores apostam na conquista de um novo público consumidor, mais seletivo e exigente, e investem caro para alcançá-los.

 

A Companhia Müller de Bebidas, dona da cachaça 51 – aquela do jargão "uma boa ideia" –, acaba de lançar a Reserva 51, uma cachaça premium que pretende justamente conquistar os públicos A e B. A única semelhança com a tradicional 51 é o número da reserva. De resto, tudo é diferente: da seleção da cana para a moagem até o envelhecimento, feito em barris de carvalho, o que dá um sabor peculiar à bebida e até uma cor diferenciada, dourada, em contraste com a branquinha popular dos botecos.

 

Divulgação

 

"Essa é uma forma de agregar à marca valores que são apreciados e percebidos pelo consumidor A e B", afirma Paula Nascimento da Costa Videira, coordenadora de Marketing da Companhia Müller de Bebidas.

 

Líder absoluta de vendas, com um terço do mercado brasileiro com a Cachaça 51, e capacidade de produção de 1,3 milhão de dúzias de garrafas por ano, a Companhia Müller tem como meta comercializar 100 dúzias por mês da Reserva 51. Segundo Paula, a bebida será vendida em todo o Brasil, mas o foco principal serão São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. "Decidimos focar nessas três capitais porque elas dão visibilidade para o resto do País", afirma.

 

Do Oiapoque ao Chuí  – Visibilidade também é o que pretende a Ypióca, que acaba de investir R$ 4 milhões em uma campanha de divulgação nacional, a primeira em 160 anos de história. Conhecida pela garrafa revestida por embalagem artesanal de palha, a marca quer divulgar o mix de produtos que comercializa, como a cachaça orgânica, exportada para a Alemanha, a Ypióca Saborizada, com essências de limão e frutas vermelhas importadas da França, além da Ypióca 160, que leva malte em sua composição e foi lançada em comemoração aos 160 anos do grupo.

 

Segundo Aline Telles Chaves, diretora de Marketing da empresa, e uma das herdeiras do grupo, em 160 anos de história a empresa sempre primou pela qualidade do produto e investiu em  tecnologia e melhoria dos processos produtivos. "Agora, pretendemos apresentar ao Brasil o que fazemos de melhor há 160 anos e que nos torna uma das marcas mais tradicionais do País", afirma. A campanha integral (televisão, rádio e jornal) será veiculada em São Paulo, Goiás, Bahia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo. "Escolhemos essas cidades por termos as melhores entradas", diz Aline.

 

Com capacidade de produzir 136 milhões de litros de cachaça por ano, a Ypióca é a terceira marca do mercado em volume e a segunda em faturamento, de acordo com a empresa de pesquisas Nielsen.

 


Artesanal – Longe da briga pelo topo do ranking de produção, mas favorável a tornar a marca da cidade fluminense mais conhecida, está a Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça Artesanal de Paraty (Apacap). "Começamos a participar das mais importantes feiras de bebidas do País com degustação e com a divulgação do trabalho que fizemos para receber o Indicador Geográfico (IG), que atesta a procedência da bebida", explica Lúcio Gama Freire, secretário dessa Associação.

 

Segundo ele, o objetivo é fazer com que a cachaça dos oito produtores de Paraty – consumida em 70% dos casos na própria cidade, seja abastecendo hotéis, bares e restaurantes ou turistas – avance as fronteiras da cidade e ganhe os dois principais centros consumidores do País, Rio de Janeiro e São Paulo.

 

Por aqui, a bebida paratiana é tema de uma exposição no Restaurante Pitanga, na Vila Madalena, do fotógrafo Masao Goto Filho, colaborador do Diário do Comércio. Ele clicou o processo de produção nos alambiques da cidade do litoral fluminense.

 

Divulgação

 

A Ypióca é a segunda produtora de cachada do País em faturamento.Segundo o secretário da Apacap, a comercialização será feita em empórios e lojas de bebidas para pessoas que apreciem um bebida com características singulares. "Afinal, nem temos capacidade de produção para abastecer hipermercados, por exemplo", diz Freire. Na safra 2009, a produção de Paraty alcançou 280 mil litros, pouco abaixo dos 300 mil litros do ano anterior. Esse volume representa pouco mais de 3%  do 1,2 bilhão de litros produzidos anualmente no País. Menos de 1% é exportado, segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac). Isso significa que pelo menos 1 bilhão de litros são voltados para o consumo interno, o que coloca a cachaça como a verdadeira paixão brasileira.

 


Veículo: Diário do Comércio - SP


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