Vinhos nacionais conquistam consumidor

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Elídio Lopes Cavalcante, fundador da Terroir Importadora de Vinhos, se prepara para produzir seu rótulo próprio, totalmente nacional.Responsáveis por 90% da produção nacional de vinhos, as vinícolas da serra gaúcha registraram crescimento de 14,25% nas vendas nos primeiros oito meses deste ano, ante igual período do ano passado. Pelas contas do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), de janeiro a agosto de 2009 foram comercializados 145,5 milhões de litros de vinhos finos e de mesa, ante 127,3 milhões de litros no ano passado.

 

Entre os fatores que mais influenciaram o crescimento das vendas de vinhos brasileiros no mercado nacional, neste ano, estão a implementação da obrigatoriedade do Selo de Controle Fiscal para as Sangrias e os Coquetéis, que beneficiou os vinhos de mesa.

 

Embora tenha havido crescimento nas vendas no primeiro semestre deste ano, o mercado de vinhos brasileiro ainda não retomou os patamares de vendas pré-crise.

 

Na comparação com a média de comercialização de 2004 a 2008, o recuo nas vendas foi de 2,8%. "Este ano representa uma virada na tendência de queda da participação dos vinhos brasileiros no mercado nacional, porém, há cinco anos estamos estagnados no volume de vinho vendido dentro do País, até pela retração do consumidor diante da crise de crédito", explicou Carlos Raimundo Paviani, diretor do Ibravin.

 

Com experiência de 30 anos no mercado de vinhos, Elídio Lopes Cavalcante, fundador da Terroir Importadora de Vinhos de São Paulo, rendeu-se aos produtos nacionais. Ele acaba de voltar de uma degustação na serra gaúcha e já decidiu que vai montar, associado a cinco produtores locais, uma produção própria com a marca de seu negócio.
"O vinho nacional evoluiu bastante na busca honesta de sua tipicidade e no aperfeiçoamento e modernização da produção. Isso já está chamando a atenção dos especialistas e consumidores", disse o empresário, que pretende colocar no mercado sua marca própria até o final deste ano.

 

Para Cavalcante, considerando a qualidade da terra brasileira para proporcionar a melhor uva, dificilmente vamos chegar a produzir vinhos excelentes, como fazem chilenos e argentinos ou os grandes produtores do mundo.
"O esforço da produção brasileira está criando uma característica própria dos nossos vinhos, alinhada com as técnicas francesas de produção", completou o especialista.

 

Na outra ponta da comercialização de vinhos, ainda segundo cálculos do Ibravin, a importação do produto pelo Brasil caiu 2% nos primeiros seis meses deste ano, ante igual período do ano passado. De janeiro a agosto, entraram 26,6 milhões de litros de outros países, ante 27,6 milhões de litros em igual período em 2008.

 

Para a Ibravin, o principal motivo da queda nas vendas de importados no mercado doméstico, durante o primeiro semestre deste ano, foi a valorização cambial do dólar naquele momento, que afetou as importações e aumentou o custo dos produtos.

 

Segundo o instituto, somente entre janeiro e julho deste ano, a Argentina sofreu uma baixa de 4,4% nas vendas de seus vinhos ao Brasil. A Itália perdeu 20,7% de nosso mercado, e o Uruguai reduziu em 26,4% seus negócios com o País. As maiores perdas, porém, atingiram os produtos alemães (-76,67%) e os vindos da Nova Zelândia (-62,4%).

 

Outros nacionais – No segmento de espumantes, de acordo com os números do Ibravin, o crescimento foi de 20% no acumulado de janeiro a agosto deste ano, ante igual período do ano passado. O aumento representou vendas de 3,77 milhões de litros neste ano, ante 3,14 milhões de litros no período em referência.

 

Os produtos compostos com uvas do tipo moscatel tiveram o maior crescimento de todas as categorias, atingindo expansão de 35,5%. Esse tipo de uva tem a preferência do público feminino. Já os espumantes do tipo brut e demi-sec tiveram incremento de 16,2%.

 

Sucos – No nicho dos sucos de uva naturais ou integrais, o crescimento neste ano chegou a 41,3%, com a comercialização de 15,25 milhões de litros, ante 10,8 milhões, em igual base de comparação dos vinhos e espumantes.

 

A comercialização total do suco, que abrange o natura e integral, o adoçado, concentrado e reprocessado, registrou alta de 25% de janeiro a agosto deste ano.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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