Quem vai tomar uma Kaiser antes?

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As maiores cervejarias do mundo disputam a compra da Femsa, uma transação que pode chegar a US$ 9 bilhões


 
Pouco mais de um ano após a belgobrasileira InBev assumir o controle da americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser, o mercado mundial de cerveja está prestes a testemunhar mais uma fusão de peso. A noiva da vez é a mexicana Fomento Económico Mexicano (Femsa), a maior empresa de bebidas da América Latina.

 

A empresa nomeou a consultoria NM Rothschild & Sons para encontrar alguém disposto a pagar estimados US$ 9 bilhões por sua divisão de cervejas. O que está em jogo é um portfólio que inclui Sol, Dos Equis e Tecate, cervejas de forte presença no cobiçado mercado de bebidas dos Estados Unidos. A transação, apesar de estar sendo tocada a partir do quartel-general da Femsa, em Monterrey (México), também terá desdobramentos no Brasil.

 

Detentora das marcas Kaiser, Bavaria e Sol (esta última sem nenhuma relação com a homônima mexicana), a Femsa é a quarta maior cervejaria do País, com 6,9% de participação em um setor que movimenta R$ 11 bilhões por ano. Segundo fontes do mercado, a holandesa Heineken e a sul-africana SAB -Miller estão na briga pela aquisição da mexicana.

 

Por que a Femsa decidiu sair de um negócio que responde por 25% de suas receitas? Uma das explicações é o fato de que, apesar de ser uma área estratégica, os mexicanos não vêm conseguindo extrair os ganhos esperados. No balanço do segundo trimestre, enquanto a venda global de refrigerantes da franquia Coca-Cola cresceu 19%, a área de cerveja da Femsa avançou apenas 6,7%. Para melhorar o desempenho financeiro, os executivos reduziram a produção e aumentaram o preço.

 

O mesmo foi feito no Brasil. A estratégia fez com que a Femsa perdesse, em 2009, 1,3 ponto percentual de participação no mercado brasileiro - o equivalente a R$ 140 milhões que deixaram de entrar no caixa da empresa. Na avaliação do economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, os holandeses são favoritos nessa disputa.

 

"A Heineken já conhece o gosto local", argumenta. Enquanto a marca é encontrada com facilidade nas gôndolas dos supermercados, a Miller, um dos carros-chefes da empresa sul-africana, jamais emplacou no Brasil. Outro fator que pesaria a favor da Heineken é seu forte relacionamento com a Femsa. No Brasil, a Heineken detém 17% da marca Kaiser. Além disso, a holandesa é produzida, sob licença, pela própria Femsa. Quem domina o setor é a Ambev, dona de 69,2% do mercado nacional.


 
Tanto Heineken quanto SAB-Miller estão de olho num nicho que cresce de forma expressiva no Brasil. Se há uma década o segmento de cervejas premium era praticamente inexistente no País, hoje ele responde por 6% das vendas totais do setor cervejeiro, o que dá algo como R$ 700 milhões.

 

Segundo o professor Leite, da Trevisan, a compra da Femsa facilitaria o ingresso da Heineken e da SAB-Miller nesse mercado. Isso porque elas poderiam contar com fábricas prontas e uma rede de distribuição consolidada.

 

Seria uma forma mais rápida e eficiente de trazer suas marcas premium que fazem sucesso na Europa e nos Estados Unidos. Nesse caso, cervejas populares como Kaiser e Bavaria funcionariam para gerar volume. Mas o grosso da rentabilidade viria mesmo das bebidas mais sofisticadas
 

 
Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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