O Rei da Uva

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Com a compra da Almadén, Adriano Miolo se torna um competidor internacional no mercado de vinhos

 

As 4.400 garrafas numeradas do vinho Sesmaria 2008, que chegará ao mercado neste mês ao preço de R$ 180, são o orgulho do enólogo Adriano Miolo, de 40 anos. Feito com seis variedades de uvas viníferas da Campanha Gaúcha, o Sesmaria é o vinho mais caro lançado por uma vinícola brasileira. Mas o que realmente faz brilhar os olhos do empresário Adriano Miolo é algo que não pode ser engarrafado: os 1.150 hectares de vinhedos que, desde a semana passada, pertencem a sua empresa. “Para ser competitivo no vinho do Novo Mundo, um produtor precisa ter mais de 1.000 hectares”, diz Miolo. “Com a aquisição da Almadén, nós somos o primeiro grupo brasileiro a romper essa barreira.”

 

A compra da Almadén, que desde 2002 pertencia ao conglomerado francês Pernod Ricard, consolida o Miolo Wine Group como a maior empresa do setor de vinhos finos no Brasil. Sua participação no mercado, que era de 25%, saltou para 40%, com 12 milhões de garrafas por ano. A estratégia é manter a posição da marca Almadén, que hoje produz vinhos com preço final na faixa dos R$ 11, e usar a força da marca e sua liderança para enfrentar a concorrência dos vinhos argentinos que chegam ao mercado brasileiro pelo mesmo preço. “Nós ganharemos na escala. A marca é líder no mercado e pretendemos que continue assim”, diz Miolo. Isso não significa que a Miolo vai deixar os vinhos Almadén como estão – docinhos e com cara de anos 80. A próxima safra, que chegará ao mercado em meados de 2010, passará pelas mãos do enólogo francês Michel Rolland, que já trabalha para a Miolo. Quando for lançada, virá em nova embalagem, criada para atrair o público jovem, que quer beber vinho mas não pode gastar muito dinheiro.

 

Com a nova marca, a Miolo salta para um novo patamar. Em 1990, o faturamento da empresa foi de R$ 3 milhões. Neste ano, deverá chegar a R$ 100 milhões. A aquisição da Almadén, contudo, é vista com certa desconfiança pelos pequenos produtores. Eles citam como exemplo nocivo de concentração no setor de vinhos o que ocorreu na Austrália, onde hoje apenas quatro produtores dominam 80% do mercado. “Daqui a um tempo, será inviável ser pequeno produtor no Brasil”, diz Luís Henrique Zanini, diretor da União Brasileira de Vinícolas Familiares e de Pequenos Vinicultores. Mas, como o mercado interno cresceu 14% só neste ano, ainda há espaço para todos.

 

Veículo: Revista Época


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