Um brinde contra a Coca-Cola

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O acordo da AB-InBev com a PepsiCo pode ser o primeiro passo para uma fusão que ameaçaria a hegemonia da líder mundial de refrigerantes

 

Pontos em comum: além da briga contra a Coca-Cola, a AB-InBev, de Carlos Brito, e a PepsiCo, de Indra Nooyi, mantêm políticas comerciais semelhantes


 
Um acordo entre a PepsiCo e a Anheuser-Busch, subsidiária nos Estados Unidos da AB-InBev, acendeu o sinal amarelo para outra gigante do setor de bebidas: a Coca-Cola. No acerto, firmado no dia 14, as duas empresas elaboraram um plano conjunto para cortar custos, combinando seus processos de compra de insumos não relacionados diretamente à produção de bebidas e, dessa forma, ganhar poder de barganha junto aos fornecedores. Os presidentes Carlos Brito, da AB-InBev, e Indra Nooyi, da PepsiCo, não anunciaram quanto pretendem economizar, mas, para analistas do setor, o acordo reforça a expectativa de uma possível fusão entre a PepsiCo e a AB-InBev. A Coca-Cola (que segundo dados de 2008 da Beverage Marketing Corporation detém 43% do mercado de refrigerantes americano contra 31,8% da PepsiCo) tem razões para se preocupar. A AB-InBev tornou-se a maior cervejaria do mundo devido à sua política agressiva de aquisições e fusões, marca do trio de empresários brasileiros Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann, os maiores acionistas do grupo. Telles foi quem idealizou a união entre as rivais Brahma e Antarctica (de onde surgiu a AmBev), comandou a fusão entre a AmBev e a belga Interbrew e, em novembro de 2008, comprou a americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser, por US$ 52 bilhões. A PepsiCo seria o próximo alvo? Há sinais que apontam nessa direção. Um deles: a AB-InBev informou que irá vender suas operações na Europa Oriental e Central para a CVC Capital Partners por US$ 3 bilhões e, assim, reforçar seu caixa.

 

O interesse da InBev pela PepsiCo não é novidade. Nos bastidores, comenta-se que, caso a compra da Anheuser-Busch não vingasse, a cervejaria partiria para negociar com a PepsiCo ou com a Coca-Cola. "De fato, essa parceria para cortar custos não é muito comum no mercado. Tudo leva a crer que haverá um estreitamento das relações", afirma Julia Perez, analista setorial de alimentos e bebidas da consultoria Lafis. "A PepsiCo tem uma linha comercial agressiva, muito mais próxima da InBev do que da própria Anheuser- Busch, que tem sofrido com a política de redução de custos imposta pelo Marcel Telles", conclui Julia. De fato, em poucos meses, a InBev mudou radicalmente a forma de gestão da Anheuser-Busch. Empregos foram cortados e benefícios, revistos. Executivos foram obrigados a trocar viagens na primeira classe pelo aperto da econômica. "Eles agora precisam fazer caixa. Telles, Sicupira e Lemman são craques nisso", afirma o banqueiro Luiz Cezar Fernandes, ex-sócio do Banco Pactual, que conhece como poucos as virtudes e os defeitos do trio. "Eu aposto que em cinco anos eles compram a PepsiCo. Eles estão aos poucos deixando os mercados secundários para entrar com tudo nos mercados centrais", diz Fernandes.

 


Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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