Duas semanas depois de confirmar em nota que está em conversações com "diversas empresas para explorar oportunidades que envolvam seu negócio de cerveja", a Femsa recebe em sua sede em Monterrey, no México, 40 jornalistas dos nove países latino-americano onde atua.
No alto de uma das montanhas da cidade, a Femsa serviu um jantar caprichado na terça-feira à noite e diante de uma enxurrada de perguntas sobre o futuro da empresa, os diretores avisavam: "Falaremos sobre qualquer assunto, menos o que envolve a negociação da unidade de cervejas."
Diante da insistência do Valor, o diretor de relações com os investidores da Femsa, Juan Fonseca, disse, com um microfone na mão, que "obviamente tem sido um pouco frustrante essas últimas semanas, em que o mercado tem especulado, em que o mercado tem dito coisas, em que o mercado tem feito conjecturas."
Mas ponderou que " nós temos que ficar atrás da linha que demarcamos, que é a linha determinada pelo único comunicado oficial que divulgamos até agora."
Fonseca lembrou que o comunicado da Femsa, de duas semanas atrás, tem três mensagens. "Um: há conversas com vários 'players'. Dois: o foco principal dessas conversações é o negócio de cerveja. E três: não há nenhuma certeza de que algo ocorra", disse o diretor.
Ele concorda que essa situação "deixa as pessoas com uma quantidade enorme de questões". E entende "que o mercado queira chegar a certas conclusões". Mas "pedimos que respeitem a nossa postura de que há uma posição oficial e que não podemos ir além dela".
Fonseca prevê que esse quadro pode durar "algumas semanas ou meses". Estava preocupado com o impacto de eventuais declarações da Femsa sobre o valor das ações da companhia. "Acreditem: se alguém entende a intensidade desse tema somos nós".
Fonseca, constrangido, passou o microfone a diretores de outras áreas, com exceção da financeira. Pegou um copo cheio de uma bebida com gelo. Havia a esperança de que a bebida pudesse encorajá-lo a dar novas informações. Afinal, se vendida a unidade de cerveja que tem 43% do mercado mexicano e 7% do brasileiro (nos outros sete países a Femsa atua apenas com refrigerantes), poderá trazer novas empresas para a região, como a britânica SAB Miler. Mas Fonseca estava apenas tomando uma Coca-Cola.
Veículo: Valor Econômico