A SABMiller, segunda maior cervejaria do mundo, poderia pagar US$ 9 bilhões, em dinheiro, pela unidade de cerveja da Femsa, segundo o analista Mike Gibbs, do JPMorgan Chase & Co.
A aquisição começaria a ter impacto positivo nos lucros já no primeiro ano, segundo afirmou Gibbs, ontem, em conferência telefônica. O analista estimou que a SABMiller poderia conseguir "sinergias" de US$ 150 milhões e teria de pagar multa de até US$ 200 milhões para quebrar o acordo entre a unidade de cerveja da Femsa e a Heineken para vender suas marcas nos Estados Unidos.
Traria muitas melhoras "desde o início, no primeiro ano completo", afirmou Gibbs, que trabalha em Londres. "É um bom acordo. Funcionaria."
A Femsa informou em 1º de outubro manter negociações com várias partes sobre sua unidade de cerveja. A empresa, com sede em Monterrey, não identificou quem seriam essas partes e informou não haver certeza de que realmente haveria alguma transação. O comunicado seguiu-se a uma notícia no "The Wall Street Journal" informando que a SABMiller, cuja sede fica em Londres, e a Heineken, de Amsterdã, poderiam estar interessadas em comprar a cervejaria e poderiam chegar a pagar US$ 9 bilhões.
Nigel Fairbrass, porta-voz da SABMiller, não quis fazer comentários. A Heineken não retornou de imediato uma ligação por mais informações. Carolina Alvear, porta-voz da Femsa, também não quis comentar o assunto.
A unidade de cerveja, conhecida como Femsa Cerveza, vende marcas como a Dos Equis, Tecate e Bohemia. A divisão vem perdendo participação de mercado há dez anos para o Grupo Modelo, da Cidade do México, fabricante da Corona, segundo o analista Alan Alanis, do JPMorgan, em Nova York. A Femsa Cerveza é uma das poucas cervejarias independentes de grande escala restantes. "É um ativo muito raro", afirmou Mike Gibbs.
O analista estima que a SABMiller poderia captar dinheiro emprestado a uma taxa de 7% para pagar pela aquisição e que o novo endividamento seria equivalente a 2,9 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) da Femsa Cerveza. A economia de custos, a multa para quebrar o acordo de exportação com a Heineken e um valor entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões do lajida, por ficar com os lucros das exportações aos EUA, estão dentro do cálculo, de acordo com Gibbs.
A SABMiller poderia obter retorno sobre seu investimento no quarto ano, com uma taxa superior ao seu retorno médio estimado, disse. A SABMiller, fabricante da Grolsch e Peroni Nastro Azzurro, também poderia optar por pagar parte da transação com ações, como já o fez em aquisições anteriores.
Para comprar a Femsa Cerveza, a Heineken teria de financiar metade da transação com ações, o que traria questões sobre o controle familiar da empresa holandesa, afirmou Gibbs. A família poderia ter de levantar até € 1,1 bilhão para manter o controle, segundo o analista. A rentabilidade seria menor do que no caso da compra pela SABMiller, destacou.
Veículo: Valor Econômico