Outros três meses se passaram no calendário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o número de cabeças de gado abatidas continua em queda livre. O volume de abates verificado nos meses de abril, maio e junho indica queda de 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número total de bovinos abatidos este ano é de 15,7 milhões, 5,6% de cabeças a menos que as do mesmo período de 2007.
O analista de mercado Fabiano Tito Rosa, da empresa de consultoria Scot, não se surpreende com os números divulgados pela instituição. Ele diz que refletem a previsível escassez da oferta de animais que vem sendo observada já há algum tempo. "Em função do atual cenário do setor, os preços começaram a reagir. Subiu principalmente o preço do bezerro. Então o produtor volta a reter matrizes. Nesse primeiro momento, se intensifica o problema de oferta e dificulta a atividade dos frigoríficos, mas no longo prazo esse movimento mostra-se necessário", avalia Tito Rosa.
Ainda de acordo com Rosa, o rebanho brasileiro diminuiu entre 5% e 8% nos últimos dois anos. "Em 2009, a gente ainda vai ter uma produção ainda menor que a de 2007, prevê. Na contra-mão, os preços do boi gordo registraram ligeiras altas no mercado durante os últimos dias. Nesta semana, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa subiu 1,5%. Mas de acordo com dados do Centro de Estudos Econômicos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no acumulado de setembro a variação ainda é negativa em 1,77%.
Contrariando as estatísticas, o pecuarista Marcos Reinach, que mantém um rebanho de 3,5 mil cabeças em Aparecida do Taboado, em Mato Grosso do Sul, segue a corrente do confinamento - hoje apenas 3 milhões das 45 milhões das cabeças abatidas no País são criadas dessa forma. O produtor revela que abateu apenas 25% do previsto para o ano fiscal de 2008. "Estamos em uma época que teoricamente ainda dá pra faltar animal, pois existe um mínimo de abate assegurado por contrato firmado entre pecuaristas e frigorífico no início do ano".
Enquanto isso, no período analisado pelo IBGE foram abatidos 1,2 bilhão de frangos e 7,3 milhões de suínos. O crescimento no volume de aves abatidas foi de 11,3% em relação ao segundo trimestre de 2007. O abate de frangos acumulado no ano é de 2,383 bilhões de cabeças. O gerente de pecuária do IBGE, Octávio Oliveira, explica que esses produtos competem com a carne bovina, e como ela continua valorizada, eles ganham mercado interna e externamente. "Não avistamos barreiras sanitárias ou qualquer outro tipo de barreira no horizonte do mercado avícola que venha travar esse crescimento".
Veículo: Gazeta Mercantil