Brasil Foods agora espera para agosto posição do Cade sobre fusão

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A uma semana de a união entre Perdigão e Sadia completar um ano, José Antônio do Prado Fay, presidente da BRF Brasil Foods, empresa resultante da operação, disse esperar que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) se posicione sobre o negócio em agosto.

 

Antes, a expectativa na empresa era que isso ocorresse ainda neste semestre, mas a complexidade do negócio tornou o processo de análise demorado.

 

"O Cade tem 60 dias para julgar e ainda não saiu da Secretaria de Acompanhamento Econômico, então talvez ocorra em agosto", afirmou o executivo, referindo-se à regra que prevê que, depois de a Seae encerrar a análise do caso, o Cade tem 60 dias para se posicionar.

 

Fay, que apresentou ontem os resultados da Brasil Foods no primeiro trimestre do ano, afirmou que "é importante que a coisa ande [no Cade]" e que a empresa está "botando pressão no sentido positivo" no órgão de concorrência. Fay disse que um ano é um tempo "razoável" para analisar o negócio.

 

"Não há motivo para demorar muito mais." Segundo ele, as duas estruturas estão operando "diante dos limites", mas "não é porque não tem a aprovação que não vai operar". "Estamos prontos para jogar", acrescentou.

 

Apesar de a BRF participar de 60 categorias de produtos no mercado e ser líder em vários segmentos, Fay reafirmou que a empresa tem, sim, concorrentes. E lembrou o caso da Seara Alimentos, controlada pela Marfrig, que acaba de investir cerca de US$ 150 milhões como patrocinadora da Fifa e de Copas do Mundo. "Existe concorrência."

 

Conforme os números divulgados ontem pela BRF, a empresa teve uma receita bruta de R$ 5,815 bilhões no trimestre, 1% abaixo dos R$ 5,847 bilhões pro forma de igual período de 2009 - considerando que a Sadia teria sido incorporada em 1º de janeiro de 2009. Pela legislação societária, quando só a Perdigão é considerada, a variação é de 95%.

 

O lucro líquido da BRF no primeiro trimestre foi de R$ 53 milhões, ante um prejuízo de R$ 465 milhões pro forma nos primeiros três meses de 2009. Pela legislação societária, o resultado no primeiro trimestre do ano passado foi um prejuízo de R$ 226 milhões.

 

As vendas da BRF no mercado interno totalizaram R$ 3,68 bilhões, 4% acima dos R$ 3,54 bilhões (pro forma) de janeiro a março de 2009. No exterior, ainda houve um recuo de 8%, para R$ 2,13 bilhões na mesma comparação. "Há uma recuperação gradual do mercado externo. A Ásia está voltando mais rápido, mas a Europa ainda não vai bem", observou Fay.

 

Para ele, a recente crise da dívida na Europa pode fazer com que a recuperação da demanda do continente seja "mais gradual do que poderia ser".

 

O executivo explicou que a queda na receita com a exportação se deve ao recuo de 1,1% nos volumes embarcados e ao comportamento do câmbio no período. De acordo com Leopoldo Saboya, diretor de finanças e de relações com investidores da BRF, houve um aumento de 20% nos preços em dólar em comparação com o primeiro trimestre de 2009, mas em reais as cotações caíram 6,5%. Isso é reflexo de uma desvalorização de 22% do dólar na mesma comparação, que saiu de R$ 2,31 médios nos primeiros três meses do ano passado para R$ 1,80 médio de janeiro a março deste ano.

 

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) da BRF foi de R$ 447 milhões no trimestre, 148% mais do que os R$ 180 milhões pro forma e 280% de alta na legislação societária. A normalização da demanda externa e os custos de produção mais competitivos explicam o resultado, de acordo com o presidente da BRF. Ele destacou também o desempenho no mercado interno. "O mercado doméstico está mostrando saúde." A empresa mantém a previsão de um crescimento nos volumes no front interno de 8% a 10% no ano, mas Fay observou que isso vai depender da confirmação de uma alta de 5% a 6% no PIB. Para o mercado externo, a previsão é de aumento de 3% a 5% nos volumes.

 

Veículo: Valor Econômico


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