Com a liberação, ontem, do Mato Grosso do Sul e de regiões de Minas Gerais e do Mato Grosso para exportar carne in natura para os europeus, a expectativa dos frigoríficos exportadores de repetir, nos próximos meses do ano, o aumento do volume embarcado que ocorreu em setembro deve se concretizar.
Pela primeira vez neste ano, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve acréscimo nos embarques totais de carnes, em volume. Até agosto, somente a receita crescia, por conta dos altos preços internacionais. Em setembro, as exportações alcançaram 195,3 milhões de toneladas equivalente carcaça - 3% mais do que no mesmo mês de 2007. A receita somou US$ 533,2 milhões, 52% mais do que em setembro do ano anterior. Somente de carne in natura foi exportado volume 5% maior, 152,5 milhões de toneladas equivalente carcaça no mês passado. Em valor, as indústrias obtiveram receita de US$ 453,9 milhões, 56% mais do que em setembro de 2007.
Para Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), setembro foi o mês de reversão de tendência. "Os números de setembro já refletem a retomada do mercado europeu, mesmo que ainda seja baixo o número de fazendas aptas", diz. Até agora, o Brasil reúne 364 propriedades aptas a fornecer bovinos para atender àquele mercado e, a expectativa dos frigoríficos, é de que esse número alcance no mínimo 500 propriedades no final de 2008.
Acumulado e efeitos da crise
O resultado de setembro - variação positiva em volume e receita - deve se repetir nos próximos meses do ano, acredita a indústria. A crise de crédito norte-americana pode interferir um pouco nas cotações internacionais, baixando preços, mas não a ponto de causar grande impacto para a receita dos exportadores.
Para Giannetti, inclusive, o efeito da crise para o Brasil pode ser benéfico a partir do próximo ano porque ficará mais difícil para que os Estados Unidos, e até a Europa, mantenham sua política de subsídios. "Não sei se haverá ambiente político para isso", opina o dirigente. O executivo acredita que o mercado norte-americano pode abrir as portas para a carne in natura brasileira no próximo ano.
No acumulado de 2008, as exportações totais de carne bovina geraram receita de US$ 3,9 bilhões para os frigoríficos brasileiros até o mês de setembro. A receita acumulada é 22% superior se comparada ao desempenho do mesmo período do ano passado. A meta de exportações é de US$ 5,2 bilhões para este ano. Em volume, o país exportou 1,6 milhão de toneladas em equivalente carcaça até setembro, queda de 16% na comparação com 2007.
A redução de volume neste ano é explicada principalmente pelo embargo europeu. A retomada da União Européia, mesmo que aos poucos, a demanda crescente dos países emergentes e a volta de exportações para o Chile, ajudam a traçar o cenário de expectativa positiva para as vendas externas de carnes. A meta da Abiec é alcançar US$ 15 bilhões em 2013.
A gestão atual da Abiec vai focar esforço no combate do abate informal.
"Demanda existe, tenho dúvidas a respeito da oferta", diz Giannetti. Os frigoríficos se queixam da falta de fiscalização, que permite taxas de abate clandestino em níveis entre 30% e 40%. Em 2007, foram abatidas cerca de 45 milhões de cabeças. Segundo as indústrias, o governo se comprometeu em ampliar a fiscalização e, inclusive, até a Polícia Federal deverá ser acionada para ajudar nesse controle.
O aumento para 360 fazendas embarcando carne bovina in natura para a União Européia fez as exportações se elevarem em setembro.
Veículo: DCI