Depois de prejuízo, Sadia cancela mudança de sede

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A perda de R$ 760 milhões da Sadia, em decorrência de operações com derivativos de dólar, levou a empresa a tomar uma primeira medida de impacto para cortar custos: cancelou a mudança de sede, prevista para este mês. 

 

A sede da companhia, que fica na Vila Anastácio, zona oeste de São Paulo, seria transferida para a avenida das Nações Unidas, perto da Marginal Pinheiros, num prédio cuja construção está sendo finalizada pela WTorre. Mas, segundo apurou o Valor, a Sadia cancelou, na semana passada, o contrato com a construtora, da qual alugaria sete andares de um prédio de 13 pavimentos. Considerando um custo médio de R$ 100 para o metro quadrado na região, a Sadia pagaria um aluguel mensal de cerca de R$ 850 mil. A incorporadora já está em busca de novos locatários. Procurada ontem, a assessoria da Sadia disse que não tinha confirmação do cancelamento do contrato até o fechamento desta edição. 

 

Diante do prejuízo por conta da operação financeira de risco, a Sadia decidiu por cortar custos em questões não tidas pela empresa como prioritárias, caso da mudança de sede. O que a empresa quer evitar ao máximo, conforme apurou o Valor, é que a perda afete os investimentos previstos, estimados em R$ 1,6 bilhão para este ano. 

 

Mesmo antes do problema gerado pelas operações financeiras, a empresa já promovia um movimento de contenção de custos, para atingir metas de margens e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida). Após a perda de R$ 760 milhões, decidiu apertar mais. 

 

Com a decisão de cancelar a mudança, que poderia ser considerada desperdício num momento delicado para a empresa, a Sadia busca dar uma sinalização ao mercado de que os projetos para seu crescimento, uma prioridade, serão mantidos. Na sede da Sadia, em São Paulo, trabalham cerca de 1.200 pessoas, nas áreas administrativa, de tecnologia da informação, pesquisa e desenvolvimento, relações com investidores e controladoria. 

 

As operações que geraram perdas devem afetar os resultados da empresa este ano, mas, para os investimentos, 2008 está ganho. Isso porque, dos seis projetos de expansão da Sadia, quatro já estão concluídos: a reconstrução de Toledo, no Paraná (destruída por um incêndio) e ampliações em Várzea Grande (MT), Brasília e Uberlândia (MG). Restam, ainda em curso, obras em Lucas do Rio Verde (MT), onde a Sadia constrói o maior complexo industrial, e em Vitória do Santo Antão (PE). No caso destes, a empresa deve buscar reduzir custos. 

 

Os números de investimentos da Sadia para o próximo ano ainda não foram divulgados, mas o Valor apurou que devem ser revistos. 

 

A perda de R$ 760 milhões pela Sadia levou à destituição do diretor financeiro Adriano Ferreira, que, segundo a empresa, assumiu riscos cambiais acima dos autorizados pelo conselho de administração. 

 

A política da Sadia permite exposição líquida ao câmbio de no máximo US$ 1,8 bilhão, o equivalente a seis meses de faturamento com exportação. No entanto, a empresa estava com exposição líquida de US$ 3,2 bilhões a US$ 3,6 bilhões. Uma auditoria interna ainda apura o que levou ao prejuízo. 

 

A perda sofrida pela companhia com as operações financeiras é maior do que todo o lucro de 2007 - de R$ 689 milhões. De janeiro a junho deste ano, a Sadia acumulava ganho líquido de R$ 334,7 milhões. A receita bruta total no período foi de R$ 5,5 bilhões, sendo 54% provenientes das exportações. 

 

Veículo: Valor Econômico


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