Frango com excesso de água tem vendas suspensas pelo governo

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Ministério detecta irregularidade em três unidades de produção, uma delas da Brasil Foods - Para que as vendas das três fábricas sejam liberadas, os produtos terão que passar por análise do ministério

 

O Ministério da Agricultura detectou excesso de água em carne de frango "in natura" de três unidades de produção do país, uma delas pertencente à BRF-Brasil Foods, e impôs restrições à venda dos produtos.

 

Além de a medida envolver uma fábrica da Brasil Foods em Santa Catarina, onde são fabricados produtos da Perdigão, ela abrange também uma unidade da Copacol (Cooperativa Agroindustrial Consolata) no Estado do Paraná e da Rigor Alimentos Ltda., em São Paulo.

 

A comercialização de carne de frango congelada e resfriada produzida nessas fábricas está suspensa temporariamente.
Para que a venda seja liberada, os produtos terão de ser submetidos a uma análise prévia que confirme o atendimento aos padrões estabelecidos pela legislação.
A portaria número 210, de 1998, permite que carcaças e cortes de frango "in natura" tenham até 6% de água depois de congelados.

 

Em amostras de carne de frango "in natura" dessas unidades recolhidas no varejo de todo o país, a análise do ministério apontou que a presença de água ultrapassou esse limite.

 

O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério, Nelmon Costa, disse que a suspensão temporária da comercialização dos produtos tem o objetivo de fazer com que as empresas revisem os seus padrões de controle de qualidade.
"O resultado da análise não quer dizer que a empresa é fraudadora. É um indicativo de que ela está fugindo dos padrões de qualidade com frequência", afirmou.
Segundo Nelmon, nos últimos 12 meses o ministério analisou 200 amostras de carne de frango "in natura" congelada ou resfriada.

 

Somente neste ano, esse tipo de irregularidade foi encontrado em produtos de oito unidades.
Dessas, cinco permanecem no Regime Especial de Fiscalização, agora também válido para as fábricas da Brasil Foods, Copacol e Rigor Alimentos. Costa não quis informar quais são os outros fabricantes.

 

As empresas deverão apresentar ao ministério análises de três lotes com os padrões previstos em lei para ter a comercialização de novos lotes liberada sem restrições.
"Os fabricantes precisam garantir que os seus produtos não vão sair fora das especificações", afirmou o diretor do Ministério da Agricultura.Desde 2007, 34 empresas foram submetidas ao regime especial de fiscalização.

 


Empresas contestam decisão do ministério DIMITRI DO VALLE DE CURITIBA

 

As empresas contestaram a decisão do Ministério da Agricultura de impor restrições à venda de aves.

 

A Brasil Foods apresentou recurso contestando o resultado da análise que, segundo o governo, detectou presença de água em produtos da empresa acima do permitido.
"A BRF entende que as imposições não possuem lastro legal e questiona os critérios técnico-científicos da metodologia adotada para essas avaliações", disse, em nota.
A Copacol informou que nas vistorias "não foram constatadas irregularidades nas amostras das análises realizadas com relação à quantidade de água resultante do descongelamento".

 

Segundo a empresa, suas vendas foram mantidas normalmente, "sem ter passado por interrupção".

 

O diretor administrativo-financeiro da Rigor Alimentos Ltda., Carlos Lima, também negou irregularidades. Segundo Lima, as análises não constataram o excesso e a produção não foi interrompida após a fiscalização inicial do ministério.
Nelmon Costa, diretor do ministério, admite que a avaliação para esse tipo de corte de aves não consiste em uma análise de perícia técnica.
"Admitimos que a análise não tem precisão científica e por isso nossos critérios não são extremamente rigorosos." Segundo ele, uma equipe do ministério vem desenvolvendo uma técnica que utilize critérios para tornar a avaliação mais precisa.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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