Em menos de um mês os cinco laboratórios brasileiros produtores ou importadores de vacina contra a aftosa vão ter de comercializar o produto com uma fórmula diferente. As novas regras de controle de qualidade foram definidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e valem a partir de novembro.
A novidade está na implantação do controle das proteínas não estruturais atendendo recomendações de organismos de referência, como a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa). Dessa forma, a margem de dúvida nos resultados de inquéritos sorológicos é reduzida, devido à maior purificação dos antígenos, componentes responsáveis pela imunização.
Quando um bovino vacinado com a vacina convencional é submetido a testes, as proteínas não-estruturais podem induzir a um resultado "positivo", sem que o animal tenha tido contato com o vírus. Esta reação é conhecida como ‘falso-positivo’, e com a eliminação desse risco as autoridades sanitárias passam a ter uma segurança bem maior sobre o status da circulação viral em determinada região.
O problema é que apenas duas empresas teriam a tecnologia disponível para abastecer o mercado. Uma delas é a Merial, que desde a campanha de maio já comercializa a tal "vacina limpa". O presidente da empresa Alfredo Ihde pontua que essa é uma "tecnologia cara", mas segundo ele em nem todo o aumento do custo de produção vai ser repassado ao consumidor. "Os custos aumentaram mas foram parcialmente absorvidos e não vão ser repassados para o produto final. Vamos tentar melhorar os ganhos cortando alguns descontos", calcula Ihde. O pecuarista paga cerca de R$ 1,30 por uma dose da vacina, a Merial distribui a um custo de R$ 1,10.
A adequação será feita nas outras indústrias e enquanto os pecuaristas consomem os estoques de segurança obrigatórios da Central de Selagem de Vacinas. E já em 2009 ela deve ser aplicada em todo o rebanho brasileiro. O consumo de vacinas contra febre aftosa no Brasil é estimado em cerca de 380 milhões ao ano. A capacidade de produção do mercado nacional é de 500 milhões doses no mesmo período.
Só a Merial é responsável pela produção de 150 milhões dessas doses, 90 milhões destinadas ao gado brasileiro. 30 milhões abasteciam os estoques da Pfizer, contrato rompido no final de 2007 pela Merial, segundo Ihde, como uma estratégia de mercado, cujos resultados ele ainda não pode avaliar.
Veículo: Gazeta Mercantil