Demanda alta pressiona preços

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Oferta de animais com peso ideal para abate esteve reduzida ao longo do mês passado.

 

Os preços do suíno seguiram em alta ao longo de setembro influenciados pela baixa disponibilidade de animais, pela demanda firme e também pelos preços elevados da carne bovina. Entre 31 de agosto e 30 de setembro, o aumento de suíno vivo em Minas Gerais foi de 4,8%. A tendência para os próximos meses é de manutenção dos preços em alta devido ao encarecimento dos custos de produção e ao aumento da demanda para as festas de fim de ano. O quilo da carne suína está cotado a R$ 3,21.

 

Os dados são do Boletim do Suíno, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). De acordo com o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e pesquisador do Cepea, Sérgio De Zem, a alta também foi influenciada pela manutenção dos níveis produtivos e aumento considerável da demanda.

 

"A suinocultura nos últimos anos acumulou prejuízos devido aos baixos preços do mercado. Com isso alguns produtores abandonaram a atividade e outros mantiveram os níveis de produção sem investir na expansão. Com o aumento da renda da população houve um impacto positivo na procura pelas carnes, e o setor foi favorecido já que a demanda é superior à oferta, o que contribui para uma formação de preços rentáveis", disse De Zem.

 

A oferta de suínos com peso ideal para abate esteve relativamente baixa ao longo do mês passado. De acordo Com o Cepea, o número de matrizes da indústria, neste ano, está menor que o registrado em 2009. A redução do plantel se deve ao desestímulo dos produtores devido aos reflexos negativos provocados com pela crise financeira mundial.

 

Embarques - Um dos problemas ainda enfrentado é a redução das exportações que até setembro não tinham retomado aos níveis registrados no período antes da crise. "A retração que prevalece desde o ano passado contribuiu para uma oferta maior que a demanda e preços abaixo dos custos de produção até meados de 2010, por isso a postura dos produtores em reduzir o número de matrizes", disse De Zem.

 

Em Minas Gerais, os embarques das carnes suínas apresentaram retração em setembro. O produto acumulou perda de 28,5% na receita das exportações entre janeiro e setembro de 2010 frente igual período do ano anterior. No intervalo o faturamento chegou a US$ 60,304 milhões, contra os US$ 84,296 milhões obtidos no mesmo intervalo de 2009.

 

Também foi registrada queda de 32,8% nos volumes embarcados, com 26,15 mil toneladas. O preço médio da tonelada foi de U$S 2,30 mil, o valor representa um incremento de 6,2% frente aos valores praticados em igual período de 2009.

 

A recuperação expressiva registrada nas cotações do milho ao longo dos últimos dois meses vem aumentando os custos do setor de suínos e alavancando os preços para os consumidores finais. "A tendência é que os preços dos insumos continuem em alta, alavancados pela oferta restrita de milho e soja no mercado. A situação só deverá ser amenizada com a produção da próxima safra", disse De Zem.

 

A valorização da carne suína em setembro também está vinculada à migração de uma parte do consumo da carne bovina, que segue com forte alta devido à baixa oferta de boi gordo. A demanda pela carne seguiu firme durante todo o mês e tende a continuar dessa forma, podendo motivar novas altas em outubro. "A carne bovina é a principal sinalizadora do mercado, quando ocorrem altas os reflexos também são sentidos nas carnes suínas e de frango".

 

Entre 31 de agosto e 30 de setembro, a carcaça comum suína valorizou 5,9% e a especial 4,7%, sendo negociada a R$ 4,63 e R$ 4,82 o quilo, respectivamente, no encerramento de setembro. No mesmo período a carcaça casada bovina valorizou 1,2%, sendo vendida a R$ 5,99 o quilo. Já o preço do frango resfriado aumentou 6,2% passando para R$ 2,60 o quilo.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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