A Sadia enviou uma carta a fornecedores solicitando desconto de 10% no preço dos itens entregues à empresa "ao longo dos meses de outubro, novembro e dezembro". A medida é mais um reflexo do prejuízo de R$ 760 milhões que a empresa reconheceu em setembro após operações com derivativos de dólar.
Numa cópia da carta, obtida pelo Valor, a Sadia afirma estar "adotando medidas austeras de contenção de custos e despesas" para enfrentar o "novo cenário". A empresa afirma que "as consequências desta perda [de R$ 760 milhões] somadas a situação atual dos mercados no mundo, impactaram diretamente o caixa da Sadia, que já foi recomposto com a obtenção de novas linhas de crédito".
A carta, assinada pelo diretor de suprimentos Ricardo Faucon e pelo gestor de suprimentos Alessandro Borges, diz que "com as ações tomadas, a situação da Sadia permanece sólida e seus resultados operacionais continuam saudáveis e compatíveis com o mercado. Porém temos que ir além da performance atual, nos alinhando com nova realidade que apresenta o desafio de recomposição no curto/médio prazo das perdas geradas no caixa e resultado da empresa (R$ 760 milhões mais juros associados aos financiamentos obtidos)". Procurada, a Sadia não se pronunciou sobre o assunto.
"Neste sentido, como medida imediata solicitamos uma redução de 10% no preço dos itens fornecidos atualmente ao longo dos meses de outubro, novembro e dezembro. É uma medida temporária e vital para a continuidade da nossa parceria", diz a carta. Na correspondência, a empresa afirma que a "compreensão e suporte [do fornecedor] neste momento é fundamental" e diz contar "como certa a sua colaboração, como parceiro de longa data da Sadia". Os fornecedores teriam de responder à solicitação da empresa até o dia 10 de outubro, sexta-feira passada.
Ao pedir "o suporte" dos parceiros comerciais, a Sadia diz, na carta, que "visamos assim garantir a trajetória de sucesso da empresa e de nossos parceiros na busca da duplicação de nossos negócios a cada cinco anos".
Para encerrar a carta, a empresa repete frase já utilizada em comunicado enviado aos funcionários, no fim de setembro, para tranquilizá-los após o anúncio das perdas. "Nossa empresa continua operando normalmente, portanto nossos sonhos não mudaram! O que muda são os caminhos para chegar lá!"
Conforme apurou o Valor, a carta teria sido enviada a grandes fornecedores da empresa.
Por conta das perdas, a Sadia vai adiar investimentos e também já suspendeu o plano de mudar sua sede da Vila Anastácio, na capital paulista, para um prédio novo, alugado, nas proximidades da Marginal Pinheiros, em São Paulo.
Veículo: Valor Econômico