Abate de bovinos recua em MG

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A pesquisa trimestral do abate de animais, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que no quarto trimestre de 2010 foram abatidas em Minas Gerais 541,2 mil cabeças de bovinos. O volume ficou 11,5% inferior às 611,8 mil cabeças abatidas em igual período de 2009. No intervalo a oferta de animais para abate foi menor em todo o país. No caso de frangos e suínos, foi registrada alta no número de abates.

 

A redução do número de abates no quarto trimestre de 2010 também acarretou a queda do peso acumulado das carcaças, que foi de 123,1 mil toneladas contra 144,5 mil toneladas geradas em igual período de 2009, o que resultou em uma retração de 14,8%. O abate de bovinos em Minas Gerais encerrou 2010 com recuo de 3,2%.

 

De acordo com a pesquisa do IBGE, a variação negativa registrada no peso das carcaças foi maior que a observada para a quantidade de cabeças abatidas, o que indica que os animais abatidos nos últimos três meses de 2010 tinham menor peso de carcaça.

 

No acumulado dos três últimos meses de 2010, as principais categorias de bovinos (bois, vacas, novilhos e novilhas) apresentaram peso médio por animal de 261, 194, 239 e 177 quilos, respectivamente, representando redução de 1,7%; 1,2%, 3% e 3,2% em comparação a igual período de 2009.

 

O principal fator que justifica a queda foi a ocorrência de forte estiagem ao longo do terceiro trimestre nas principais regiões produtoras, o que prejudicou as pastagens e contribuiu para redução do peso e da oferta de animais.

 


Preço recorde - O levantamento do IBGE apontou que, devido à baixa oferta de bovinos no mercado, o último trimestre de 2010 foi marcado pelo recorde no indicador do boi gordo. De acordo com as informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços do boi gordo tiveram aumentos escalonados, partindo de R$ 79,56 a arroba em maio, ultrapassando a barreira de R$ 100 em outubro, para alcançar o recorde histórico de R$ 117,18 em novembro.

 

A partir da segunda quinzena de novembro o mercado respondeu às fortes altas de preço da carne bovina. Diante das dificuldades de negociar o produto no atacado, os estoques dos frigoríficos aumentaram. Houve recuo dos preços e o indicador fechou o ano em R$ 104,73 a arroba.

 

Ao contrário do abate de bovinos, nos últimos três meses do ano passado, o abate de frangos em Minas Gerais alcançou 95,5 milhões de cabeças, crescendo 1,3% em relação ao número de aves abatidas em igual período de 2009, cerca de 94,3 milhões de cabeças.

 

Migração - O aumento no volume abatido em relação ao mesmo período de 2009 é atribuído à migração do consumo da carne bovina para a de frango no mercado interno, o que foi estimulado pelo aumento significativo de preços das carnes bovinas. O peso acumulado das carcaças foi de 202 mil toneladas, aumento de 8,7% em relação ao volume registrado no quarto trimestre de 2009.

 

A produção de ovos ao longo do quarto trimestre no Estado apresentou recuo de 3,8%. Foram produzidas 73,7 milhões dúzias contra 76,7 milhões de dúzias registradas em igual intervalo de 2009. O efetivo de galinhas no Estado nos últimos três meses de 2010 era de 13,205 milhões de cabeças, o que representa uma redução de 5,5% no número de animais em produção.

 

A queda foi atribuída aos preços baixos pagos pelo produto ao longo dos últimos dois anos. De acordo com os dados da Jox Assessoria Agropecuária, os preços dos ovos, em Minas Gerais, encerraram 2010 abaixo dos custos de produção. A média de cotações para a caixa de 30 dúzias registrada ao longo do ano passado foi de R$ 37,89. O baixo valor contrariou as expectativas do setor, que acreditava na valorização do produto diante do encarecimento das carnes, principalmente a bovina.

 

O recuo da produção registrada no último trimestre de 2010 já está favorecendo a valorização dos ovos em Minas Gerais. A média mensal de preço da caixa de ovos, com 30 dúzias, no encerrou fevereiro em R$ 44,30, o que representou incremento de 19,4% sobre janeiro e de 11,9% se comparado com os valores praticados em igual mês de 2010. A valorização se deve a oferta ajustada à demanda.

 

Suinocultura - As ações desenvolvidas pela Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), para a ampliação do consumo, através do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) no Estado, contribuíram para o aumento do abates de suínos ao longo do quarto trimestre. De acordo com o IBGE, no período, o abate em Minas Gerais chegou a 985 mil unidades de suínos, representando alta de 2,5% frente igual período de 2009.

 

O aumento observado foi estimulado pela elevação do consumo de carne suína nas festas de fim de ano, pela alta do preço da carne bovina e também devido a maior aceitação pelo consumidor brasileiro. Quanto ao peso acumulado de carcaça, a produção mineira chegou a 85,2 mil toneladas, ficando 5,5% maior do que o volume gerado no mesmo período de 2009.

 

Segundo análise do Cepea, o avanço no volume de suínos abatidos reflete o crescimento do consumo interno de carne, que foi estimulado pelo aumento de renda e a possibilidade de diversificação do consumo, alavancado também pelos altos preços da carne bovina. A carne suína e a de frango são alternativas à carne bovina, especialmente quando os preços ao consumidor desta estão em alta, como vem sendo observado ao longo de 2010.

 

Leite - A pesquisa do IBGE também avaliou a cadeia leiteira no Estado. No período, as aquisições e industrializações de leite em Minas Gerais apresentaram queda em relação ao último trimestre de 2009. A quantidade de leite cru adquirida, resfriado ou não, encerrou o período com redução de 5,1%. O volume foi de 1,456 bilhão de litros. No mesmo período de 2009 o montante chegou a 1,534 bilhão de litros.

 

Em relação ao volume do produto industrializado foi registrada queda de 5,4%. Ao todo foram processados 1,441 bilhão de litros. No mesmo período de 2009 o volume industrializado chegou a 1,524 bilhão. Do total de leite adquirido no Brasil 26% é proveniente de Minas Gerais.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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