Russos mantém restrições ao Brasil

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Após ter realizado inspeção em 29 unidades frigoríficas brasileiras produtoras de carne bovina, suína, de aves e de industrializados, a Rússia, um dos maiores mercados compradores das proteínas brasileiras, manteve sua política restritiva com relação às exportações de carnes nacionais.

 

Segundo o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor), por meio de comunicado do dia 19 de abril disponível em seu site, nas duas semanas nas quais os peritos estiveram no País (a missão terminou no último dia 18), 13 unidades continuam proibidas de vender à Rússia e aos membros da União Aduaneira (Belarus e Cazaquistão), oito unidades foram auditadas pela primeira vez e não foram habilitadas e restrições temporárias foram propostas a todos os locais inspecionados.

 

Em 2010, conforme o serviço russo, eram 27 unidades com restrições temporárias e 14 embargadas. No documento, o serviço veterinário russo fez severas críticas ao sistema de inspeção da qualidade da carne brasileira. “A inspeção mostrou que a qualidade do sistema que assegura a conformidade do processamento da carne brasileira às normas de segurança russa decaiu nos últimos anos”, informou a nota.

 

“A inspeção também mostrou que as matérias-primas e produtos acabados não foram completamente testados nas fábricas para sua conformidade com os padrões russos. Testes de monitoramento do mercúrio, pesticidas, dioxinas e os radionuclídeos não foram testados nas unidades durante os últimos três anos”, mencionou.

 

O Rosselkhoznadzor expôs, ainda, exemplos de práticas observadas nas unidades auditadas que não condizem com as normas de seguranças daquele país. Segundo o serviço, as verificações dos animais que vão para o abate não estão adequadas e termometrias aleatórias não são realizadas mesmo em animais que apresentam sinais clínicos.

 

Os peritos que estiveram no Brasil também observaram que os diagnósticos antes e depois do abate de animais são realizados por “trabalhadores que não têm formação em medicina veterinária” e houve casos de abate de animais com sinais de erisipela bovina, suína e de tuberculose e brucelose. “Testes laboratoriais complementares não foram realizados para excluir ou confirmar a infecção”, afirmaram.

 

PRODUTORES. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, disse na quinta-feira que o relatório em que a Rússia suspende a compra de carne de oito unidades brasileiras tem um tom "agressivo" e "confuso". Ele não quis dizer a que partes do texto se referia, mas a dúvida que se estende ao governo brasileiro é se, ao citar uma planta, toda unidade estaria impedida de continuar vendendo ou se apenas um segmento, e se o embargo se referir a um segmento, qual seria ele.

 

Além disso, o relatório cita que os problemas nessas plantas são sistêmicos e têm piorado ano a ano. A boa notícia, segundo Camargo Neto, que esteve reunido com representantes do Ministério da Agricultura para tratar do tema, é que o governo brasileiro irá se pronunciar na terça-feira às autoridades russas.

 

Segundo o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério, Luiz Carlos de Oliveira, a intenção é reforçar os pontos que o governo já havia apresentado à missão russa, quando esteve no País para visitar as unidades produtivas. "A expectativa é de que se resolva isso de forma rápida", disse o presidente da Abipecs.

 

Oliveira, garantiu que o embargo russo a algumas unidades exportadores de carne do Brasil não se justifica com problemas de higiene ou segurança alimentar. Segundo ele, as empresas brasileiras têm atuado conforme a legislação específica.

 

Mesmo assim pediu esclarecimentos a cada uma delas antes de conversar diretamente com os russos. Para o governo, motivações comerciais podem estar por trás da decisão russa.



Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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