À procura de um rumo

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A indústria pesqueira catarinense terá que se reinventar se quiser manter a posição de maior do país. O modelo extrativista está no limite e a produção vem caindo ano a ano desde o auge de 138 mil toneladas capturadas em 2007.

 

A indústria catarinense vive um momento de transição. A liderança da produção nacional de pescado, à frente de Pará e Rio Grande do Sul, e 70 mil empregos só na região de Itajaí não serão mantidos apenas com o modelo extrativista, que parece ter alcançado o seu limite há quatro anos. A criação em cativeiro desponta como um novo rumo para o setor encontrar o crescimento sustentável. Mercado não falta. Hoje, 40% dos peixes consumidos no país vêm de outros países.

 

Para manter um crescimento sustentável no longo prazo, o setor precisará investir na criação de pescado em cativeiro e encontrar um ponto de equilíbrio para evitar que a retirada de espécies supere a capacidade de reposição do mar.

 

Mercado para absorver a expansão da indústria pesqueira não falta. O consumo anual de peixe no Brasil subiu de 6,46 quilos, em 2003, para 9,03 quilos por habitante no ano passado.

 

Mesmo assim, em 2010, a extração de pescado caiu 19,4% na comparação com o ano anterior (veja gráfico abaixo), segundo o Grupo de Estudos Pesqueiros da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

 

Para o professor de Oceanografia Paulo Ricardo Schwingel, isso não é motivo de preocupação. Os dados deste ano demonstram uma volta à normalidade.

 

Uma parte considerável deste recuo de produção se deve à redução de 61,5% da captura da sardinha-verdadeira, principal espécie retirada dos mares catarinenses – passou de 31,5 toneladas para 12,1 toneladas. Como a sardinha não é um peixe migratório, a queda poderia estar associada a condições ambientais desvaforáveis de SC à reprodução da espécie.

 

Giovani Monteiro, presidente do Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipesca), maior polo do Estado, diz que a intenção dos empresários é estabilizar a extração. Ele defende pesquisas para determinar volumes exatos e espécies que podem ser capturadas.

 

Um exemplo negativo é o peixe-sapo, bastante procurado no litoral catarinense no início da década. A captura desenfreada resultou em 4,3 toneladas em 2001. A produção despencou nos anos seguintes e, em 2010, não passou de 1,3 tonelada. Para evitar a atividade predatória e garantir ainda sim uma produtividade crescente, o caminho é a criação em cativeiro. O consultor do Sindipesca Estevam Martins ressalta que, para aproveitar a oportunidade, SC precisa investir na aquicultura e encontrar espécies que se adaptem as condições do Estado.

 

Hoje se produz aqui 10 toneladas de tilápia e seis de mexilhão. Martins diz que a criação de carpas e determinados bagres merece ser experimentada. E as barragens das hidrelétricas são uma opção. Apenas três reservatórios de usinas no Brasil são usados para aquicultura de tanque rede, como o método é chamado. O Ministério da Pesca diz que até o final do próximo ano as hidrelétricas catarinenses de Machadinho e Itá, no Oeste, deverão adotar este sistema de produção.



Veículo: Diário Catarinense


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