A deterioração das pastagens, devido às temperaturas baixas e ao clima seco, tem reduzido a oferta de boi gordo no mercado brasileiro. Em Minas Gerais, os primeiros lotes de animais de confinamento foram disponibilizados no início deste mês. Com a limitação do rebanho, os preços voltaram a subir e a tendência é de novas altas, porém em escalas equilibradas. De acordo com os dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), a arroba do boi gordo no Estado acumulou alta próxima a 5% entre os dias 27 de julho e 17 de agosto.
Segundo o coordenador técnico de bovinocultura da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires, a tendência entre agosto e a primeira quinzena de novembro é de oferta limitada e mercado firme para o boi gordo. Porém os preços da arroba não deverão registrar novos recordes como os observados em 2010.
"O que estamos percebendo é que os preços da arroba estão se recompondo e voltando aos patamares praticados no primeiro trimestre. Entre abril e junho, devido à aproximação do inverno, vários produtores aumentaram o descarte de animais, o que aumentou a oferta e promoveu a redução dos preços. A tendência é de oferta limitada para os próximos meses e preços equilibrados, gerando lucro aos produtores", disse Ávila Pires.
No último levantamento de cotação de preços semanais, entre os últimos dias 11 e 17, foi observada alta na maioria das regiões mineiras. Somente no Triângulo Mineiro, em especial em Uberaba e Uberlândia, os valores permaneceram praticamente estáveis no período.
No Estado, os preços variaram entre R$ 94 e R$ 96 por arroba, o que representa um incremento de cerca de 5% frente aos valores praticados na última semana de junho. Mas ainda com algumas sinalizações de cotações mínimas de R$ 92. Segundo Ávila Pires, as péssimas condições das pastagens, diante da seca e frio normais para esta época do ano, dificulta a oferta do boi de pasto.
Os preços pagos aos pecuaristas estão vantajosos. Na avaliação da Emater-MG, o custo de produção da arroba do boi gordo está em torno de R$ 70, com o milho cotado em média a R$ 27 a saca, o que gera cerca de R$ 30 de lucro por arroba nos confinamentos de alta eficiência. O lucro neste caso é de 40%.
"Em agosto começaram a chegar ao mercado as primeiras ofertas de boi confinado, que deve se estender até a primeira quinzena de novembro. O confinamento é essencial para garantir o abastecimento do mercado durante o período de entressafra, o que também serve para equilibrar os preços da carne, mantendo uma oferta regular frente à demanda", explica.
No mercado futuro, a arroba do boi gordo em São Paulo foi cotada a R$ 105 na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) para os contratos de outubro. De acordo com Ávila Pires, os preços no mercado futuro para Minas Gerais estão em torno de R$ 100.
A tendência de valorização do boi gordo também foi observada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). De acordo com o relatório da instituição, a baixa disponibilidade de animais prontos para abate provocou novos ajustes da arroba em julho.
Frigoríficos - De acordo com os pesquisadores do Cepea, com a oferta de animais de pasto bastante limitada e a de bois confinados ainda pequena, frigoríficos encontraram dificuldade para preencher as escalas. Esse cenário se agravou porque a indústria já não podia contar com a oferta pontual resultante da queda de temperatura.
Nesse contexto, frigoríficos consultados pelo Cepea tentaram manter estáveis os preços de balcão, mas, como dificilmente conseguiam fechar negócios a baixos valores, as compras efetivas ocorrerem a valores reajustados quase que diariamente, ainda que em pequenos percentuais.
De acordo com o Cepea, o receio de desencadear altas expressivas da matéria-prima em um momento em que trabalhavam com margens menores, muitos frigoríficos optaram por intercalar ou diminuir os abates. Alguns preferiram até mesmo comprar carne de outras empresas para apenas desossar, ao invés de participar mais ativamente do mercado de boi.
Segundo os dados do Cepea, os preços pagos pela arroba do boi gordo no Triângulo Mineiro ao longo de julho ficaram em média a R$ 89,70, o que representa alta de 1,37% frente aos R$ 88,48 praticados em junho.
Do lado do pecuarista, a elevação nos preços fez com que muitos postergassem as vendas, com a finalidade de entregar animais mais pesados e em valores maiores.
Veículo: Diário do Comércio - MG