Depois de um acordo costurado por um mês no processo de fusão entre Sadia e Perdigão, que resultou na criação da BRF - Brasil Foods, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) agiu rápido para aprovar ontem a compra da Seara pela Marfrig, companhias que também atuam no mercado de alimentos processados. "As participações das empresas são bastante pequenas no mercado se comparadas a outros rivais", disse o relator do caso, conselheiro Marcos Veríssimo.
A Seara atua na produção, comercialização e exportação de carne de frango in natura e de produtos industrializados de carne. O negócio, fechado em outubro de 2009, envolve a venda de nove plantas industriais, um terminal do porto de Itajaí (Braskarne) e a marca Seara.
As ações da Marfrig chegaram a subir 1,9% na BM&FBovespa, logo após o anúncio da decisão do Cade. Ao longo do dia o papel perdeu força e fechou cotado a R$ 7,73, uma alta de 0,91%.
As fatias de mercado da Marfrig/Seara variam de acordo com o produto em análise, mas, conforme explicou Veríssimo, ficam bem abaixo dos 10% na maioria das vezes. "Isso não gera nenhum tipo de preocupação", resumiu. No caso da Brasil Foods, os porcentuais chegavam a ser superiores a 80%, dependendo do alimento em questão.
Enquanto as análises sobre a Brasil Foods duraram um ano no Cade, a recomendação feita pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, recomendando a aprovação da operação da Marfrig e Seara chegou ao órgão antitruste há pouco mais de dois meses.
O caso foi avaliado como simples pelo relator e não chegou nem a ser discutido em plenário. Foi votado numa lista com dezenas de outros, recebendo aprovação unânime dos sete conselheiros.
Rivalidade. Brincando com o colega Carlos Ragazzo, que foi o relator do processo da Brasil Foods e o único a votar contrariamente ao acordo com as empresas, Veríssimo disse que a união entre Marfrig e Seara não geraria problemas concorrenciais porque ele "suspeitava da existência de alta rivalidade no setor".
O advogado das companhias, Lauro Celidonio, comemorou a decisão do Cade e disse ao Estado que o Conselho confirmou os dados de mercado levados pelas empresas. "Não havia concentração preocupante nos vários segmentos analisados, e as condições de mercado afastam preocupações concorrenciais com a operação", considerou.
O Marfrig é um dos interessados no espólio da BRF - Brasil Foods. Para analistas, a empresa seria uma das principais beneficiadas com o negócio, porque captaria sinergias ao integrar as operações com a Seara. Em julho, o Cade aprovou a fusão de Sadia e Perdigão, que criou a BRF, mas impôs restrições. Além da suspensão das marcas Perdigão e Batavo em alguns produtos, determinou a venda de fábricas, centros de distribuição e marcas populares - ativos com faturamento de R$ 1,7 bilhão.
Veículo: O Estado de S.Paulo