Porém, o faturamento gerado com os embarques no período cresceu 5,33%, segundo dados da Abipecs.
As exportações brasileiras de carne suína, em agosto, caíram 3,8% em volume, porém o faturamento gerado com os embarques cresceu 5,33%. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), ao todo foram enviados ao exterior 45,8 mil toneladas, o que gerou faturamento de US$ 122 mil. No mesmo período, Minas Gerais exportou 3,2 mil toneladas e obteve receita de US$ 7,3 mil. A queda no volume exportado foi minimizada pela diversificação do mercado já que as vendas para Ucrânia e Hong Kong foram ampliadas.
A modificação do mercado reduziu, em parte, a dependência brasileira em relação à Rússia, principal destino da carne suína brasileira. Na segunda quinzena de junho, entrou em vigor o embargo russo aos frigoríficos de carne suína dos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, o que tem ampliado a oferta no mercado interno e reduzido os preços pagos aos suinocultores.
Os dados divulgados pela Abipecs apontam que as exportações para a Rússia despencaram em agosto. No período, houve recuo de 87,4% no volume embarcado. Ao todo foram comercializadas com o país 2,922 mil toneladas, contra as 23,132 mil toneladas negociadas em agosto de 2010. Em valores, a queda foi de 85,4% com faturamento de US$ 8,9 milhões ante US$ 61,2 milhões.
Em agosto, a Ucrânia, terceiro maior mercado para a carne suína brasileira após a Rússia e Hong Kong, importou 11,959 mil toneladas, um crescimento de 197% em relação ao mesmo mês de 2010. Em receita o aumento foi de 228%, US$ 34,4 milhões, ante US$ 10,5 milhões obtidos em agosto de 2010.
As vendas para Hong Kong cresceram 164%, em agosto, com o envio de 14,82 mil toneladas. Nos oito primeiros meses do ano, Hong Kong importou do Brasil 79,498 mil toneladas, um crescimento de 26,2% em volume e de 50,70% em valor, US$ 188,24 milhões.
De acordo com o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, o crescimento das exportações de carne suína para Hong Kong e Ucrânia compensou, em parte, as perdas na Rússia, porém o aumento da oferta no mercado interno está impactando negativamente nos preços do suíno.
"O Brasil reduziu a dependência do mercado russo de maneira significativa, mas ainda é preciso retomar as exportações pela importância que a Rússia possui nos volumes comercializados. Estamos negociando em conjunto com o governo para que as pendências sejam resolvidas e o embargo suspenso".
Ainda segundo Camargo Neto, além do embargo sanitário, o câmbio desfavorável vem freando as exportações de carne suína brasileira. No acumulado do ano, em comparação aos oito primeiros meses de 2010, a queda nos volumes exportados de carne suína foi de 3,41%. A receita cresceu 7,43% no período. As vendas externas de carne suína, no intervalo, foram de 348,84 mil toneladas, com um faturamento de US$ 951,21 milhões.
As exportações mineiras de suínos também estão em queda. No acumulado do ano, foram embarcados 15,821 mil toneladas de carne suína, o que rendeu receita de US$ 34,8 mil. Em igual período de 2010, foram exportadas 22,89 mil toneladas gerando faturamento de US$ 52,7 milhões. Queda de 34% no faturamento e de 30% no volume embarcado.
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, com a redução dos volumes exportados os preços do suíno vivo em Minas Gerais estão em queda enquanto os custos de produção estão em alta. A situação dos produtores é considerada crítica.
Em agosto, o quilo do animal vivo no Estado foi comercializado em torno de R$ 2,65 e custos de produção próximos a R$ 2,50. Na comparação com os preços pagos em julho houve queda de 18,46%. Nos primeiros dias de setembro foi registrado novo recuo e os preços do quilo do suíno caíram para R$ 2,40. No mesmo período o custo com o milho, principal insumo da atividade, aumento 12,9%.
"O consumo de carne suína no mercado interno é crescente, porém não é suficiente para absorver todo o volume de carne que deixou de ser exportado. No cenário atual, as estimativas são pessimistas e só serão modificadas com a retomada das exportações com a Rússia. Além disso, ainda enfrentamos problemas com o câmbio valorizado e o aumento expressivo dos custos", disse.
Veículo: Diário do Comércio - MG