Considerando os acontecimentos externos à cadeia produtiva da carne bovina, 2011 pode ser considerado um ano positivo para os produtores, ainda que talvez não tão bom para a indústria frigorífica.
A rentabilidade dos produtores primários, a principal variável que determina o crescimento da atividade no médio e longo prazos, foi em 2011 muito boa, notadamente para os produtores de ciclo completo e para os criadores que não arcaram com os altos custos da reposição de animais de engorda e recria.
De fato, em 2011 os pecuaristas receberam pelos animais de reposição e de abate preços muito acima das médias históricas e mesmo da média de 2010, que já havia sido razoavelmente boa.
É fato que, não fossem alguns percalços da economia e outros fatores, como embargos de exportação, poderíamos ter tido um ano ainda melhor. Mas, em comparação a outros setores, não há do que se queixar.
Uma das grandes preocupações do setor no início do ano era a tramitação do Código Florestal no Congresso. Havia o temor de que prevalecessem posições radicais de ambientalistas, que trariam sérios prejuízos à atividade.
Felizmente, a versão aprovada, que ainda voltará para nova discussão na Câmara, parece mais equilibrada e menos prejudicial à pecuária.
A crise econômica internacional também era um foco de grande preocupação, pois seus eventuais efeitos sobre o consumo (interno e externo) poderiam provocar fortes quedas nos preços e afetar negativamente a rentabilidade da atividade.
Mesmo com o agravamento da crise, notadamente na Europa no segundo semestre, o consumo dos países emergentes e o contexto de baixa oferta no mercado mundial garantiram preços altos, inclusive no mercado externo.
A competitividade brasileira não foi tão prejudicada pela apreciação cambial e neste final de ano pode-se até contar com certo alívio nesse aspecto.
Para a indústria frigorífica, o alto preço da sua matéria-prima básica foi um sério problema que afetou negativamente os resultados econômicos.
Os dois maiores processadores de carne bovina tiveram prejuízos expressivos numa situação de alta alavancagem derivada do agressivo processo de expansão e internacionalização que empreenderam em anos passados.
O saldo final em 2011, entretanto, parece ser positivo. Com os resultados favoráveis para a produção primária, é certo que os investimentos em produtividade terão continuidade em 2012, o que acaba fatalmente redundando em ganhos também para os outros elos da cadeia produtiva e para os consumidores.
Veículo: Folha de S.Paulo