A queda na cotação do milho e da soja já está reduzindo os custos de produção da pecuária de alta tecnologia. Segundo levantamento da Scot Consultoria, somente em novembro foi registrada queda de 3,5% nos custos com os bovinos de leite e de 0,4% nos gastos com a pecuária de corte. A tendência, no curto prazo, é de equilíbrio, com possibilidade de novas reduções.
Segundo o zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, Gustavo Aguiar, a queda nos custos de produção foi diretamente influenciada pela expectativa de aumento da safra de grãos em Minas e demais regiões produtoras do país.
"As estimativas apontam que a produção de grãos será maior, o que vem interferindo na cotação dos produtos. Com a redução dos gastos, principalmente com a aquisição de concentrado proteico e energético, os pecuaristas poderão investir mais em tecnologia e no melhor manejo do rebanho", diz Aguiar.
A cotação do milho em Minas encerrou novembro em queda. A confirmação de que a safra mineira e brasileira 2011/12 do cereal será maior que a anterior é o principal fator que freia os preços da saca do produto. Mesmo com o recuo, a tendência é de que os preços se mantenham remuneradores, devido aos estoques mundiais ainda limitados. No Triângulo, foi registrada queda de 4%, com a saca do produto comercializada a R$ 25.
A tendência de recuos, se mantida, será favorável para os pecuaristas tanto de leite como de corte, que poderão manter a alimentação do rebanho dividida entre o concentrado e a pastagem.
Os itens que mais aliviaram os pecuaristas foram os alimentos concentrados, energéticos (milho) e proteicos (soja), que caíram 6,6% e 3,9% em novembro, em relação a outubro, considerando o conjunto de produtos utilizados na composição do índice.
Porém, apesar do recuo em novembro, os custos da pecuária de corte de alta tecnologia e leiteira ficaram 12,9% e 15,9% maiores entre janeiro e novembro, se comparados com o mesmo período do ano passado.
A variação significativa registrada no acumulado dos primeiros 11 meses do ano, em relação ao mesmo período anterior, é justificada pelos altos preços do milho praticados em Minas e no país, ao longo deste ano. O impulso se deve aos baixos estoques mundiais.
Para o próximo ano, as estimativas em relação aos custos de produção na pecuária são cautelosas e dependerão dos rumos da economia mundial, principalmente em relação à crise financeira dos Estados Unidos e da Europa.
Exportações - De acordo com Aguiar, caso ocorra agravamento da crise poderá haver aumento da oferta de grãos no mercado interno, o que contribuirá para a desvalorização dos grãos e novas quedas nos custos dos pecuaristas. Se o ritmo de exportações for mantido, a tendência é de que os preços da soja e do milho se mantenham em alta, devido aos estoques relativamente baixos no exterior, o que eleva os custos para a manutenção do rebanho.
Desde 2010, a pecuária vem apresentando elevação expressiva nos custos de produção. A alta, na pecuária de corte de alta tecnologia, foi de 20,4% entre janeiro e dezembro de 2010.
Segundo os dados do Departamento Técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), os preços da arroba do boi gordo no Estado estão variando entre R$ 97 e R$ 99. O valor é suficiente para gerar lucro.
Veículo: Diário do Comércio - MG