Empresas registram atrasos e entidade cogita manobra de mercado
A Fetag-RS convocou para as 9h, em São José do Sul (município vizinho a Montenegro) uma assembleia de trabalhadores para tratar dos problemas envolvendo os integrados à Doux Frangosul. A entidade afirma que os atrasos nos pagamentos aos produtores de aves e suínos já ultrapassam 140 dias.
"Além da Doux, que sabemos que enfrenta um problema externo, na matriz francesa, que é replicado aqui, outras empresas do setor começaram também a atrasar os pagamentos. Já temos registros com a Diplomata e a BRF, por exemplo. Com isso, ainda não sabemos se existe de fato uma crise (já que o mercado de carnes apresenta crescimento) ou se é uma política para concentrar o setor", afirmou o presidente da entidade.
Para o representante dos trabalhadores rurais, a ação das empresas poderia representar uma forma de pressão para que alguns produtores integrados se desliguem - principalmente os que têm granjas de estrutura mais antiga, onde seria necessário investimento alto.
"Podem ser questões ligadas a instrução normativa 59 - que trata de procedimentos relativos ao registro, fiscalização e controle de estabelecimentos agrícolas - ou mesmo ao favorecimento da produção em outros estados que estão despontando na produção de frangos e suínos. Entre os integrados da BRF, há gente com atrasos de dois a quatro lotes", informou.
A Fetag estima que o número de integrados à Doux com dificuldades para receber o pagamento dos lotes de animais já entregues chegue a 2 mil. Já o número de integrados à BRF com atrasos entre 50 e 100 dias (além do prazo normal de 45 dias após a entrega) é calculado em 3 mil somente no Rio Grande do Sul.
Na assembleia de hoje a entidade pretende ouvir os produtores integrados, os prefeitos dos municípios onde estão localizadas as granjas e a empresa. A Associação dos Criadores de Suínos (Acsurs) também foi convidada para o encontro, onde a Fetag deve avaliar as formas possíveis de cobrança judicial e debater outras maneiras de pressão, como mobilizações em frente à sede da Doux.
Como os problemas com a empresa são recorrentes, algumas medidas podem se repetir, caso da migração de produtores para outras companhias, o que já foi feito no ano passado. O problema maior, segundo Weber, é para os integrados que possuem financiamentos onde a Doux é avalista e, por essa razão, não podem quebrar seus contratos.
No encontro de hoje, os agricultores também deverão analisar questões sobre o projeto do novo Código Florestal, cuja nova redação, segundo a entidade, permitirá o enquadramento, com atividades de baixo impacto ambiental, de aproximadamente 80% das granjas (cerca de 4 mil) que estão dentro de Áreas de Proteção Permanente (APPs). Ao todo, 35% das granjas brasileiras estão nessa situação.
"Esperamos que as negociações do Código Florestal, assim como outras questões como a regulamentação da atividade de integrador das cadeias de frango e suínos, sejam finalizadas e implementadas em 2012.
Veículo: Jornal do Comércio - RS