Nesta véspera de Natal, milhares de famílias gaúchas vão reunir-se em torno da mesa para a ceia natalina, onde o prato principal é dominado por um peru assado ou um frango especial, como chester ou bruster. A cena, tradicional para a época, vai se tornar ainda mais comum entre os gaúchos, neste ano, devido ao aumento da renda das classes mais baixas, que não tinham acesso a esses produtos - mais caros em relação a outros tipos de carnes.
Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a expectativa é de que sejam comercializados no Estado 6 milhões de unidades de aves natalinas, quantidade 6,6% maior do que a registrada em 2010. No entanto, esse número pode ser ainda maior. "O crescimento pode chegar até a 15%", declara Antônio Cesa Longo, presidente da Agas.
O dirigente alerta que essa procura elevada pode se refletir na falta de produtos em alguns locais. "Quem está atrasado deve tentar comprar ainda na sexta-feira, pois no sábado, que deve ser o melhor dia de vendas no ano para os supermercados, corre o risco de não encontrar mais aves natalinas", afirma. Essa também é a recomendação do diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.
"Temos registros de que algumas empresas, mesmo antes do Natal, já haviam esgotado seus estoques", informa.
Já os preços médios, de acordo com a Agas, estão 5% maiores do que no ano passado, refletindo o aumento no custo de produção causado pela elevação dos valores do milho e do farelo de soja. No caso dos frangos especiais, os preços variam entre R$ 5,00 e R$ 8,00 por quilo. Já o peru, por ser maior e exigir uma demanda mais elevada de ração e manejo, o valor do quilo oscila entre R$ 9,50 e R$ 12,00. No Rio Grande do Sul são produzidas cerca de 100 mil toneladas anuais de aves natalinas, de acordo com a Asgav. Apenas os abates de perus, segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), chegaram a 46,5 mil toneladas no Estado em 2010, alcançando 13,81% da produção nacional de 337 mil toneladas.
Entretanto, os produtores de perus ainda enfrentam problemas com a sazonalidade. Como as aves são compradas em sua grande maioria apenas no período natalino, o consumo é extremamentente baixo ao longo do ano. No Brasil, em 2010, de acordo com dados da Ubabef, foram consumidos apenas 1,77 quilo de peru per capita. Em comparação, no mesmo ano, os brasileiros devoraram 44,09 quilos de frango por pessoa.
Outra dificuldade enfrentada é a competição com os frangos especiais, como das marcas chester, bruster e fiesta, que apresentam valores mais baixos. "Além disso, como eles pesam menos do que um peru, são mais atrativos para as famílias modernas, que são cada vez menores", explica Ariel Mendes, diretor de Produção e Técnico Científico da Ubabef.
Veículo: Jornal do Comércio - RS