Retração na demanda surpreende e frustra a expectativa dos avicultores, que esperavam cotação maior.
Os avicultores de Minas e das demais regiões produtoras do país foram surpreendidos pela queda de demanda, e conseqüentemente de preços, ao longo da última semana antes do Natal. A frustração se deve ao aumento da oferta de carne bovina no mercado, o que reduziu os preços do produto e atraiu os consumidores. De acordo com os dados da consultoria especializada em agronegócio Safras & Mercados, por enquanto não existem sinais de alta nos preços do frango. Somente de 19 a 23 de dezembro a queda acumulada foi de 4,1%.
Segundo o analista da Safras & Mercados Fernando Henrique Iglesias, na última semana os preços do quilo do frango vivo em Minas caíram de R$ 2,4 para R$ 2,3, frustrando a expectativa dos avicultores, que esperavam demanda maior e preços lucrativos, como tradicionalmente acontece.
"A recomposição das pastagens, devido às chuvas, fez com que a oferta de boi gordo fosse ampliada. As carnes bovinas e de aves são concorrentes e a tendência é que o consumidor opte pela bovina quando os preços são mais competitivos. Tradicionalmente, a venda de carne de frango é impulsionada no período de festas de fim de ano, mas o que percebemos é que em 2011 a situação foi atípica", diz Iglesias.
Segundo os dados da consultoria, a atual situação de preços para a carne de frango não era prevista pelo mercado, o que vem decepcionando muitos agentes da cadeia produtiva. A situação pode se tornar ainda mais complicada, uma vez que os preços em janeiro tendem a cair novamente, devido ao período de férias e consumo menor.
"Diferentemente de outros anos, o mercado registra um quadro de tranqüilidade neste período de festas de fim de ano. Diante das condições, é pouco provável que o setor consiga suporte nas cotações no curto e médio prazos, principalmente pelo fato de o começo de ano apresentar um ritmo lento nas negociações", acrescenta.
Exportações - Segundo Iglesias, um dos pontos que poderá contribuir para a valorização do frango e o controle da oferta no mercado interno são as exportações. "Durante o ano as exportações contribuíram para reduzir a oferta e minimizar as quedas de preços", lembra.
Em Minas, segundo os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), as exportações de frango estão em alta. No acumulado de janeiro a novembro de 2011 a receita obtida com os embarques foi 32,5% superior à registrada em igual período do ano anterior. O volume embarcado também foi ampliado, 13,31%, alcançando 168,228 mil toneladas. Destaque para o preço médio, que teve incremento de 16,99% frente aos praticados em igual intervalo anterior. No período, a tonelada de frango foi comercializada a US$ 1,778 mil.
Os resultados observados nos dados da balança comercial, referentes a novembro, também foram positivos para o Estado. Segundo a Seapa, a cotação média da tonelada foi ampliada em 15,11% frente a novembro de 2010, vendida a US$ 1,998 mil. Ao todo foram destinados ao mercado internacional 18,036 mil toneladas, alta de 4,5%. A receita gerada com as negociações foi de US$ 36,031 milhões, crescimento de 20,3% sobre novembro de 2010.
De acordo com a União Brasileira de Avicultura, se o ritmo das exportações brasileiras for mantido, assim como o atual cenário do comércio internacional avícola, os embarques do produto deverão somar 3,9 milhões de toneladas em 2011, resultado 2,7% maior do que o saldo do ano anterior. A alta esperada para a receita é de 20,6%, com total de US$ 8,2 bilhões.
Os dados divulgados pela entidade mostram que as exportações brasileiras de frango atingiram 358,7 mil toneladas em novembro, crescimento de 12,1% em relação ao mesmo período de 2010, quando foram embarcadas 319,8 mil toneladas. No período, a receita somou US$ 766,3 milhões, 23,5% maior que os US$ 620 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. No acumulado de 2011, janeiro a novembro, os embarques chegam a 3,59 milhões de toneladas, representando aumento de 2,51% em relação ao total de 2010. Em receita, o crescimento foi de 21,36%, com total de US$ 7,51 bilhões em 11 meses.
Veículo: Diário do Comércio - MG