Com troca de ativos com Brasil Foods, Marfrig amplia capacidade de produção de industrializados a partir de 2012
A Marfrig deve se tornar a maior processadora de carnes do mundo após receber os ativos da Brasil Foods.
Segundo a Folha apurou, com base em dados anualizados das vendas de industrializados de carnes das empresas no terceiro trimestre, a Marfrig deve ultrapassar a sua rival em volume de vendas de industrializados após a transferência das fábricas, o que deve ocorrer até o fim do primeiro semestre de 2012.
Marfrig e BRF anunciaram no início deste mês acordo para a transferência de ativos que representam um mercado de 300 mil toneladas de alimentos processados por ano, segundo a Marfrig, considerando a ociosidade de 50% dessas unidades hoje.
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) fez a BRF vender parte de sua produção para concluir a fusão entre Sadia e Perdigão.
As vendas anuais de industrializados da Marfrig, hoje estimadas em 1,8 milhão de toneladas por ano, devem subir para cerca de 2,1 milhões.
As vendas de carne processada da BRF, estimadas em cerca de 1,8 milhão de toneladas por ano, cairiam para 1,6 milhão de toneladas.
O cálculo considera a perda das 300 mil toneladas que vão para a Marfrig e o ganho de 100 mil toneladas que a companhia terá ao receber, em troca, os ativos da concorrente na Argentina, conforme o acordo entre ambas.
EM BUSCA DA META
Apesar do rápido avanço, a Marfrig perseguirá a meta de ter metade do faturamento em industrializados.
Hoje, 37% de sua receita líquida vem de produtos com maior valor agregado. Após a incorporação dos ativos da BRF, esse percentual irá para 45%, segundo o presidente da Marfrig, Marcos Molina.
Portanto, em 2012 será "mandatório" -nas palavras de Mayr Bonassi, diretor-geral da Seara- aumentar a participação de industrializados na receita total, o que contribuiria para a melhora dos resultados da empresa.
A Marfrig acumula prejuízo de R$ 605 milhões até setembro deste ano e, para aumentar a sua margem de lucro, vem investindo na divulgação da marca Seara e na expansão da capacidade.
"O crescimento que planejávamos para cinco anos vai chegar em 60 dias com os ativos da BRF", disse Bonassi.
A Marfrig também terá como aliadas as dez marcas de processados de carne BRF que serão repassadas à empresa, como a Rezende.
Consideradas pelo mercado como "marcas de combate", elas vendem 264 mil toneladas de alimentos por ano e têm participação de mercado de 12%.
"Vamos tentar pegar o máximo da capacidade dessas marcas e convencer o consumidor e o varejista de que nós somos a opção certa para ficar no lugar da Perdigão", afirma Bonassi.
Por determinação do Cade, a Perdigão ficará fora de alguns mercados pelo prazo de três a cinco anos, período que coincide com a Copa do Mundo de 2014, que tem a Seara como patrocinadora oficial.
Ao final de um ano turbulento para a empresa, Molina diz que o pior já passou. "O mais difícil foi construir a marca Seara e aumentar a nossa base de produtos industrializados. Agora, é colher os frutos", diz.
Ano da empresa foi marcado por polêmicas
O ano foi turbulento para a Marfrig. No primeiro semestre, o câmbio e o preço dos insumos impactaram o seu resultado.
Em agosto, suas ações despencaram influenciadas pela desmontagem de operações arriscadas da gestora GWI, que tinha ao menos 5% da companhia.
A saída do fundo desencadeou questionamentos sobre o tamanho da dívida da Marfrig, considerada alta por analistas, prejudicando a recuperação dos papéis. O presidente, Marcos Molina, aumentou, então, a sua participação na Marfrig com a compra de ações na Bolsa, o que também gerou polêmica.
Veículo: Folha de S.Paulo