Com cinco frigoríficos grandes trabalhando no limite da capacidade para exportar à China, a Brasil Foods espera credenciar mais nove, de menor porte, neste ano, lançar a marca Sadia no mercado chinês e aumentar em 60% suas vendas ao país. Para o vice-presidente de mercado externo da companhia, Antonio Augusto De Toni, barreiras não são problema para a entrada no mercado chinês, onde problemático é não ter um sócio local, com uma "rede de distribuição adequada" e capacidade de transitar pelas diversas instâncias de decisão responsáveis pelo comércio.
"A China não é mercado tão difícil quanto imaginam", comentou De Toni. Ele prevê aumento progressivo das vendas ao país asiático, que tem uma necessidade de fornecimento de alimentos impossível de ser suprida pela produção interna. O custo Brasil, com dificuldades logísticas, aumento no custo de mão de obra e o custo crescente dos grãos no mercado doméstico podem fazer, porém, com que a BRF prefira exportar mais a partir da Argentina, onde a competitividade do frango é bem maior, segundo o executivo.
A China representa 3% das exportações da BRF e deve chegar a até 7% até 2015, prevê. "É uma previsão conservadora, em relação ao potencial do país", disse. Com a crescente urbanização, a China tem um consumo de frango de cerca de 13 quilos anuais per capita, bem abaixo do Oriente Médio, que chega a 38 quilos, argumentou De Toni. A empresa se antecipou aos estudos do governo e espera ter, em fevereiro, análises do mercado chinês para processados, que hoje representam 5% das exportações da empresa ao país, e devem chegar a 20% em quatro anos.
Em 2012, começou a operar a associação entre a Brasil Foods e a chinesa Dah Chong Hong, ligada à estatal Citic Pacific, dona de extensa rede de distribuição no território chinês e redondezas. Além dos apreciados asa e pés de frango, a companhia exporta coxas, em pequena quantidade, e pretende vender, do Brasil, produtos elaborados de maior demanda. Produtos de nicho, fabricados com alto uso de mão de obra, em menor quantidade, serão fabricados localmente, a partir de 2013, com a Dah Chong Hong.
"A estratégia é complementar o que fazemos no Brasil com o que faremos na China, montar o portfólio e qualificar a distribuição dos canais de varejo", explicou o executivo. A empresa estuda os rótulos da marca Sadia para o mercado local, e ainda não decidiu se o produto terá uma transcrição, em ideogramas, da palavra "sadia" ou se os chineses serão apresentados a uma marca em caracteres locais associados ao nome brasileiro, como "saudável".
Veículo: Valor Econômico