O Brasil exportou menos carne bovina em 2011, mas obteve uma receita maior por ela. O total de exportações diminuiu 11% e valorizou-se na mesma medida, em relação a 2010. No ano passado, os frigoríficos brasileiros venderam 1,2 milhão de toneladas de boi a US$ 5,3 bilhões para o exterior, com destaque à Rússia.
"Hoje nosso boi é tão caro quanto o norte-americano. O mercado interno se aqueceu e o povo começou a comer mais carne, esse consumo puxou o preço, inclusive, das exportações", analisou o diretor do departamento de Comércio Exterior da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Thomas Kim.
Em sua análise, Kim também sublinhou os problemas que o País teve com a Europa: em 2010, membros do parlamento europeu visitaram o Brasil e reduziram o número de fazendas habilitadas a exportar para o continente. No ano passado, o serviço sanitário da Rússia (Rosselkhoznadzor) embargou a relação comercial daquele país com dezenas de frigoríficos brasileiros.
"Esses quadros todos desanimaram as exportações. Não sei se agora alguém está começando a exportar", disse Kim. Sua expectativa para 2012 é de que o valor da carne pare de subir, que o câmbio se mantenha no patamar atual e que o mercado interno continue a evoluir em termos de consumo.
Porte médio
A Abrafrigo estima que 15% dos exportadores são pequenos e médios frigoríficos que encaminham para outros países de 20% a 30% de sua produção. "[Em exportações,] tem empresas que fazem venda direta e algumas utilizam trading. As médias geralmente recorrem a tradings", detalhou o presidente da associação, Péricles Salazar.
Como qualquer frigorífico, os de menor porte têm que obter habilitação para exportar a carne bovina. Atualmente, há pelo menos duas empresas buscando autorização para fazer negócio com a Rússia, de acordo com Salazar - que preferiu não entrar em detalhes. Países como a Ucrânia compram principalmente de frigoríficos de médio porte.
Há dois tipos de habilitação para o mercado externo: a lista geral e o padrão Europa. Na mira dos frigoríficos brasileiros, o Japão, a Coreia do Sul e o Chile seguem as normas europeias, enquanto alguns países, como a China, também no radar do segmento, usam como base as regras gerais.
O maior cliente
A Rússia "é um país exigente, que desabilita e reabilita [os frigoríficos exportadores] ao sabor da conveniência. Mas é um mercado importante, que paga bem e em dia", afirmou Salazar. A despeito dos embargos que impôs no ano passado contra frigoríficos brasileiros, o país é o que mais importa carne bovina do Brasil.
De janeiro a novembro de 2011, comprou 226,1 mil toneladas e pagou R$ 1,1 bilhão por elas. Em comparação a 2010, importou 17% a menos, mas gastou 4% a mais, com participação de mercado em torno de 22%.
Algumas exigências feitas pela Rússia fazem com que o tratamento dado ao boi no Brasil se equipare ao de lá, segundo Salazar. Por exemplo, o curral: aberto no País (tropical), teve de ser coberto (como o é na antiga União Soviética) pelos frigoríficos interessados em exportar para compradores russos.
"A Rússia tem seu próprio padrão, mas também admite o padrão Europa", disse o presidente da Abrafrigo.
No caso da China, acontece algo parecido, segundo Salazar: "Querem que o Ministério da Agricultura [do Brasil] habilite as empresas segundo os critérios que eles determinam." Os chineses, que formam uma classe média de 400 milhões de pessoas, são um mercado prioritário.
Nas tabelas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Rússia é seguida pelo Irã e Hong Kong. São estes os três maiores importadores de carne e outros derivados do boi brasileiro.
Veículo: DCI