A redução de um turno dos abates de frangos na planta da Doux Frangosul, em Montenegro, durará 60 dias. A informação foi repassada, ontem, pela área de recursos humanos da empresa a representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Montenegro, em reunião na sede da empresa na cidade.
Os sindicalistas cobraram esclarecimentos sobre o regime de férias adotado desde segunda-feira para 350 dos 1,6 mil empregados da unidade, maior em abate de aves no Estado. A entidade denunciará a empresa no Ministério do Trabalho por considerar que a legislação trabalhista sobre férias coletivas foi desrespeitada. Um novo grupo de empregados será afastado dentro de um mês.
O diretor do sindicato, Daniel Galvão Sodré Bilheri, diz que a negociação deveria ter sido oficializada em acordo aprovado pela base e comunicada ao órgão de fiscalização 15 dias antes de ser implantada. “Para nós, a situação configura férias coletivas. Eles incluíram no grupo que foi dispensado da produção até quem não tinha direito ao descanso”, sustenta Bilheri, que fará hoje o registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). A direção da SRTE acompanha o caso desde que o Jornal do Comércio noticiou o enxugamento de um dos três turnos, na edição de terça-feira, e deve apurar a ocorrência de irregularidade. “Os trabalhadores não podem ser prejudicados”, alerta o sindicalista, que pediu a lista de nomes de todos os empregados em férias.
A queda no fornecimento de animais pelos cerca de 1,5 mil produtores integrados é apontada como a causa principal da redução da produção. No mês passado, os agricultores decidiram não alojar mais pintos sem ter o depósito de valores devidos. No encontro com o executivo de RH, até a crise econômica foi usada como argumento para as dificuldades da operação, além da restrição de linhas de crédito bancárias.
O grupo não responde aos pedidos de entrevista da reportagem desde segunda-feira. A planta processava diariamente 450 mil frangos, e passou para cerca de 300 mil. A medida gera preocupação entre dirigentes de produtores e dos funcionários, pois deve comprometer a capacidade de fornecimento de produtos ao mercado.
A Doux tem mais dois frigoríficos - um de frangos, em Passo Fundo, e outro de suínos, em Ana Rech, em Caxias do Sul. Os dois mantêm a operação normal nesta semana. A planta caxiense paralisou a operação na quinta-feira passada, pois transportadores que não foram pagos deixaram de entregar animais em protesto.
Os 2,2 mil integrados têm faturas a receber de lotes terminados em agosto de 2011. O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado, Valdecir Folador, diz que as quitações ocorrem em grupos muito restritos de produtores e “pingadinho”. A empresa não atende às solicitações das entidades sobre descumprimento do cronograma de pagamentos apresentado em dezembro. Desde 2010, pelo menos nove calendários não foram saldados, conforme a Fetag-RS.
Veículo: Jornal do Comércio - RS