O mercado de boi reagiu ontem em São Paulo, e a arroba do animal pronto para abate subiu para R$ 98, segundo cotações da Informa Economics FNP.
Essa alta se deve a acertos na escala dos frigoríficos, devido ao período de Carnaval. O cenário atual, no entanto, é de viés de baixa, na avaliação de José Vicente Ferraz, diretor técnico da consultoria.
Segundo ele, os preços podem perder ainda de R$ 4 a R$ 5 por arroba até maio, mas voltam a se recuperar a partir de junho.
Em agosto, os preços tomam um ritmo de alta mais acelerado, mas não devem atingir o pico de R$ 110, do ano passado. Ferraz acredita que os preços médios deste ano fiquem entre R$ 95 e R$ 96 por arroba.
São preços inferiores aos do "excelente 2011", quando atingiram média de R$ 101, mas ainda bem acima da média histórica de R$ 75, diz ele.
A oferta de boi ainda não está normalizada, porque o país está em fase de reposição de rebanho, mas o consumo também não pressiona neste início de ano.
O mercado externo deve ser melhor. Os Estados Unidos vão pisar no freio das exportações. Com o abate maior em 2011, devido à seca, os EUA aumentaram a presença no mercado externo.
Neste ano, além de abate menor, a carne produzida nos EUA será disputada também pelo consumidor interno, uma vez que a economia norte-americana ensaia uma recuperação.
Não são apenas os Estados Unidos que estão com problemas nas exportações, segundo Ferraz. Os argentinos e uruguaios estão sem excedentes, o que ocorre também com os australianos.
Apesar dos custos internos elevados e do câmbio desfavorável, a carne brasileira deverá ser competitiva no mercado externo, acredita Ferraz.
Toda essa análise cai por terra, no entanto, se os problemas atuais da economia internacional se tornarem um tsunami, diz Ferraz.
Veículo: Folha de S.Paulo