JBS pode comprar a Doux Frangrosul

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Aquisição está prevista em contrato de locação de ativos da produtora de frango

O grupo JBS poderá comprar a Doux Frangosul, disse ontem o presidente do grupo, Wesley Batista, em teleconferência com investidores. A empresa anunciou na última sexta-feira a locação dos ativos da Doux Frangosul por 10 anos, em uma operação que marca a sua entrada no mercado de aves no Brasil. A opção de compra está prevista no contrato de arrendamento.

"Podemos a qualquer momento fazer uma oferta aos acionistas. E essa proposta pode ser a partir de US$ 1, que seria um valor simbólico, já que a companhia possui passivos. Acredito que, quando analisarmos que o passivo esteja em um patamar adequado, podemos exercer a oferta", explicou Batista.

Mas, segundo ele, o interesse do grupo não se estende às operações da Doux na França. "Não. A França não tem nada a ver com isso", disse.

Com o arrendamento de todos os ativos da Doux Frangosul, a JBS estreia "com escala" no mercado de aves do País, afirmou Batista. "Pelo tamanho da empresa, começaremos grandes no Brasil. Foi um bom negócio para a JBS e uma solução para a Doux Frangosul, pois, pelo que todos sabem, a empresa não estava em uma situação favorável e foi uma maneira para não deixarmos o negócio entrar em colapso", disse o executivo.

Para retomar a produção das unidades arrendadas, é necessário, além do pagamento aos integrados e pequenos fornecedores, capital de giro. Hoje, o executivo não comentou de quanto seria esse valor, mas na última sexta-feira, quando anunciou a parceria em Montenegro (RS), Batista informou que o custo seria de R$ 300 milhões.

Pelo acordo, a JBS também terá que pagar as dívidas que a Doux Frangosul tem com os integrados e pequenos prestadores de serviços. Esse montante está ao redor de R$ 50 milhões.

A empresa já começa na quinta-feira a preparar a retomada das operações nas três unidades de aves da Doux Fragonsul - Caarapó (MS), Montenegro (RS) e Passo Fundo (RS). Até a metade de junho, elas estarão funcionando com uma capacidade de abate de 850 mil frangos por dia, que será ampliada em seguida. "A capacidade total de abate dessas fábricas é de 1,1 milhão de aves por dia e chegaremos a esse montante pleno até setembro", afirmou Batista.

Segundo ele, a intenção é manter o mix atual da Doux Frangosul (25% da produção destinada ao mercado interno e 75% exportação) neste ano. "A operação será enxuta, mas queremos, no médio e no longo prazo, crescer mais no mercado interno e com produtos processados e elaborados, não só com as marcas da Doux (LeBon e Frangosul), mas com a Swift também", afirmou.

Divisão. A JBS vai criar uma nova divisão para administrar exclusivamente os negócios no segmento de frango, a JBS Aves Brasil. A empresa terá sede em Montenegro e será presidida pelo executivo irlandês James Cleary. "Já operamos em frango nos Estados Unidos e México com a Pilgrims Pride, então vamos complementar nosso negócio. E aqui, no País, essa nova atividade não vai gerar 'distração' no grupo, tanto que criamos uma nova unidade para tocar os ativos da Doux Frangosul", disse.

A expectativa de Batista é que a divisão de frangos tenha uma operação com uma margem Ebitda de 10%, que segundo ele, está em linha com a do mercado. O empresário descartou novas aquisições no setor de aves neste ano, mas admitiu que poderá retomar as compras depois que a operação da Doux Frangosul estiver em plena capacidade. "Não vamos expandir com compras neste ano. Primeiro, precisamos digerir a operação", declarou. "Mas depois, quando sentirmos que a operação está bem, vamos analisar oportunidades", completou.

Suínos. Além da operação da frangos, a Doux Frangosul também é produtora de suínos em parceria com outras empresa. "Há um acordo entre a Doux Frangosul e outras empresas na operação de suínos. Vamos respeitar esses acordos já existentes", disse, sem revelar quais são as companhias envolvidas e nem o prazo dessas parcerias. No mercado, afirma-se que seriam parcerias com a Brasil Foods e com a Marfrig.



Veículo: O Estado de S. Paulo


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