Os preços do frango já dão sinais de recuperação - antes mesmo do início do segundo semestre, quando a avicultura tem preços melhores pelo aumento da demanda. A alta ultrapassa 13% no Estado de São Paulo, onde o animal vivo está sendo negociado a R$ 1,90 - enquanto valia R$ 1,65 em junho de 2011. "Deus queira que seja o início da fase boa", afirma um avicultor do Paraná.
Para especialistas, saltos como o de Minas Gerais (de R$ 1,85, há quinze dias, para R$ 2, ontem) estão ligados a fatores como a redução de oferta no mercado interno, em consequência de um volume recorde de exportações (338,4 mil toneladas em maio); menos alojamentos de pintos, em decorrência da baixa remuneração enfrentada no início do ano; e o aumento de demanda interna.
"O setor vem sofrendo demais, nos últimos meses, com o preço final muito próximo do custo de produção", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, que espera pela recuperação sazonal dos preços no segundo semestre.
O frango, no atacado paulista, começou a semana passada valendo R$ 2,62 e chegou a sexta-feira com o valor de R$ 2,78 por quilo, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O preço do animal vivo variou mais do que 8% em todas as regiões sondadas pelo instituto. "A menor oferta teria feito o preço aumentar", diz a pesquisadora Camila Ortelan.
"Teria havido uma redução de oferta provocada pela diminuição dos alojamentos", acredita Camila. Os alojamentos teriam sido capazes de armazenar, durante o mês de abril deste ano, menos pintos do que os 511 milhões que podiam no mesmo mês do ano passado. Em março, abrigavam 498 milhões de cabeças, segundo a pesquisadora.
O analista Ari Jarbas Sandi, da divisão de Suínos & Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), diz que o número de alojamentos deve voltar a crescer. "Geralmente, entre agosto e setembro, acontece um alojamento maior, frente às festas de fim de ano", explica.
Para ele, o efeito dos alojamentos é crucial para se entender a variação de preço do frango. Camila, por sua vez, pontua que, quando há redução da capacidade de abrigo, levam-se cerca de 45 dias até o impacto ser sentido. "Já estamos sentindo isso, e sentiremos muito mais", afirma Jarbas.
A pesquisadora do Cepea observa que os preços, que haviam encerrado maio em queda mas se recuperaram em junho, também foram influenciados, no mercado atacadista de São Paulo, pelo crescimento de 10,5% das exportações brasileiras de frango em maio. "Diminui-se a disponibilidade interna do produto, há aumento de preços", explica.
Repasse de custos
Em média parcial (considerando a primeira quinzena do mês), o frango paulista, cotado em vida, passou a custar R$ 1,82 em junho, ante a razão de R$ 1,78 dos trinta dias de maio, de acordo com a consultoria Scot. "Na primeira quinzena, o consumidor recebe salário e está mais capitalizado", aponta a analista Nádia Oliveira, para quem o aquecimento dos preços está mais ligado ao custo produtivo e tende a se manter estável ou recuar.
Os custos de produção (68% destes contidos na alimentação) cresceram em todos os principais estados avicultores, com mais força em Minas Gerais, entre 2011 e este ano. Os mineiros pagaram 13,4% a mais para produzir frango em maio de 2012. Depois deles, os paranaenses arcaram com alta de 9,5%, de acordo com dados compilados pela Embrapa Suínos & Aves.
"Existe uma pressão de custo, e o custo provoca aumento de preços", endossou o diretor-executivo da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo Gouvêa, em entrevista ao DCI.
Veículo: DCI