Neste ano, oferta de gado confinado deve somar 4 mi de cabeças, ante média de 2,5 mi a 3,2 mi de anos anteriores
A pecuária brasileira deve bater recorde de produção de animais em regime intensivo, o chamado confinamento.
Segundo estimativas de entidades de classe, em 2012 devem sair dos piquetes até 4 milhões de cabeças.
Esse volume é bem superior à média de gado confinado nos anos anteriores -sempre em torno de 2,5 milhões a 3,2 milhões de cabeças.
Esse crescimento empolga, mas os números brasileiros ainda permanecem muito distantes dos praticados nas maiores pecuárias do mundo, especialmente a dos Estados Unidos, onde o confinamento origina mais de 90% da oferta anual de carne bovina, que se aproxima de 12 milhões de toneladas.
Confirmando a expectativa deste ano, o Brasil produzirá, em regime intensivo, menos de 10% do gado a ser abatido. Em oferta de carne, esse volume de gado representa "somente" 1 milhão de toneladas no ano. No total, estima-se que o país colocará no mercado cerca de 9,5 milhões de toneladas no ano.
É pouco, mas é um indicador importante para a pecuária nacional. Afinal, o confinamento é uma técnica de alto desempenho, realizada somente por profissionais, uma vez que as margens são apertadas e é preciso administrar muito bem os investimentos.
Especialistas entendem que a timidez do confinamento bovino no país está diretamente ligada à gangorra do preço da arroba, uma constante na história do setor.
Uma das explicações para essa situação é o distanciamento, igualmente histórico, dos dois mais importantes elos da cadeia da carne bovina: produtores e frigoríficos.
Quando a oferta de gado é alta, os frigoríficos se favorecem e os preços do boi caem; quando a oferta é baixa, os valores pagos pelos animais crescem e pressionam as margens da indústria.
Esse modelo tem se mostrado nefasto para todos os envolvidos. Alguns grandes projetos de confinamento sucumbiram aos custos e muitos frigoríficos foram abatidos por pesados prejuízos.
A boa notícia é que num cenário novo, em que aparecem sinais de parceria produtor-frigorífico e os preços do gado oscilam menos, o confinamento mostra crescimento.
A pecuária é uma atividade de conquistas e perdas. Há expectativa de que o avanço da pecuária intensiva venha para ficar e ajude os produtores a obter mais rentabilidade e os frigoríficos a ter volumes crescentes de gado jovem, pesado e com estruturas bem acabadas. Os ganhos são repartidos. O pecuarista é mais bem remunerado, e a indústria recebe matéria-prima homogênea, podendo negociar melhores contratos.
Veículo: Folha de S.Paulo