Depois de quatro anos de recomposição, o rebanho bovino em Mato Grosso deverá voltar a diminuir em 2012, pressionado pela aceleração dos abates de fêmeas. É o que aponta projeção divulgada ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e pela Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Principal Estado produtor de gado do país, o Mato Grosso pode experimentar uma redução de 2% em seu rebanho ao final de 2012, para 28,6 milhões de cabeças, ante as 29,1 milhões de cabeças do ano passado, de acordo com um dos dois cenários desenhados pelo Imea. Se a previsão do instituto se confirmar, será o menor rebanho mato-grossense desde 2009.
No cenário de redução de 2% do plantel bovino, o instituto leva em consideração um avanço de 21,4% nos abates de fêmeas, confirmando a tendência iniciada no ano passado e que se acentuou no primeiros quatro meses deste ano. Segundo o Imea, os abates de fêmeas totalizaram 2,1 milhões de cabeças em 2011, salto de 46,8% sobre as 1,4 milhão do ano anterior.
E o avanço do descarte de fêmeas prosseguiu de maneira expressiva neste ano, segundo o instituto. Entre janeiro e abril, foram abatidas 866 mil fêmeas, crescimento de 19% sobre o mesmo intervalo do ano passado.
Se o maior abate de vacas pode levar à primeira redução do rebanho bovino em quatro anos, as projeções do Imea também confirmam o aumento da participação de fêmeas abatidas sobre o plantel total de matrizes (com idade superior a 24 meses).
Em 2006, período em que se iniciou a retenção de matrizes e que deflagrou os anos de alta nos preços do boi gordo, com menor oferta disponível, os abates de fêmeas representavam 24,2% do plantel de matrizes no Estado.
Diante da necessidade de recompor o rebanho e com melhores margens de lucro para a atividade de cria, os pecuaristas de Mato Grosso reduziram a taxa de fêmeas para 13,1% em 2010. Com isso, o rebanho bovino no Estado aumentou, tanto em função da retenção de matrizes quanto pela maior criação de bezerros.
Entre os anos de 2006 e 2010, o rebanho total no Estado passou de 26,17 milhões para 28,77 milhões de cabeças, chegando ao seu ápice no ano passado, com as 29,18 milhões de cabeças.
Mas a recomposição do plantel e a retenção de matrizes parecem ter chegado ao seu fim, com um nova virada do ciclo da pecuária, agora com maior disponibilidade de animais para abate e redução dos preços do boi gordo.
No ano passado, a taxa de fêmeas abatidas sobre o plantel de matrizes voltou a aumentar, para 18,4%, movimento que deve se acelerar neste ano, se as previsões do Imea se confirmarem.
Ainda que não estime a participação das fêmeas abatidas sobre o rebanho de matrizes, o primeiro quadrimestre indica uma redução dessa fatia. Segundo o Imea, as fêmeas representaram 50,2% dos abates totais no período, que somaram 1,73 milhão de cabeças. Trata-se de um porcentual superior aos 44,6% verificados no ano passado.
Segundo a Acrimat, as condições das pastagens nos últimos dois anos também estimularam o descarte de fêmeas. Em 2010, a seca que atingiu os pastos mato-grossenses impulsionou os abates no ano seguinte. Já em 2011, foram as pragas sobre as pastagens que turbirnaram os abates.
Mas, ainda que haja expectativa de redução do rebanho neste ano, o Imea traçou um cenário alternativo, no qual os abates de fêmeas avançariam apenas 18,4%, para 2,2 milhões de cabeças. Nessa segunda projeção, o rebanho bovino de Mato Grosso fecharia o ano estável, em 29,2 milhões de cabeças, variação positiva de 0,1% sobre 2011.
Veículo: Valor Econômico