A crise chegou forte na suinocultura. Nas regiões que se dedicam à atividade, como em Santa Catarina, o problema se alastra por toda a finança dos municípios, afetando o comércio, a indústria e até a arrecadação de impostos.
Diante desse cenário, que se agravou nos últimos meses, o município de Braço do Norte, no sul do Estado, decretou estado de emergência.
O decreto do prefeito Evanisio Uliano justifica a ação pela importância que a suinocultura tem na formação de renda do município.
A crise do setor se deve, basicamente, à elevação dos custos de produção e à baixa remuneração dos produtores.
Os suinocultores vendem o quilo da carne entre R$ 1,60 e R$ 1,70, mas gastam entre R$ 2,50 e R$ 2,60 para produzi-lo.
Além da elevação dos custos de produção, vindos principalmente do farelo de soja e do milho, a venda da carne encontra barreiras externas. O mercado interno, que vinha sustentando a alta de produção, perdeu força.
Os problemas não são somente em Braço do Norte, mas em toda as cidades da região, que representam 18% de toda a produção de carne suína de Santa Catarina.
Outros mercados, como o paulista, também passam por queda na remuneração. Em algumas cidades paulistas, a arroba de carne já recuou para R$ 37 (menos 15% nos últimos 30 dias).
Edemar Della Justina, do Sindicato Rural de Braço do Norte, diz que o setor perde margem há dois anos, mas neste a "crise é profunda".
Adir Engel, da regional sul da Associação dos Criadores de Suínos, diz que o produtor perde R$ 90 por animal de cem quilos vendido.
Crédito emergencial, preços mínimos para os suínos vivos e programa de apoio à comercialização do milho estão entre as solicitações do setor, segundo Engel.
Justina diz que os governos deveriam promover a inclusão da carne suína na merenda escolar e nos presídios.
Veículo: Folha de S.Paulo