Frigorífico médio tem de 'fatiar' gigante

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Para especialista, concentração no setor é ruim; 'fatiamento' traz lucro para empresas, pecuaristas e consumidores



Pequenos e médios devem aproveitar vazio deixado pelos grandes e atender as novas exigências de consumo

A concentração dos frigoríficos é o tema do momento. Assusta tanto pecuaristas como as unidades industriais de pequeno e médio portes. Essa concentração é perigosa, e já tem poder de desestabilizar a cadeia produtiva em algumas regiões do país onde há o domínio de apenas uma rede frigorífica.

A concentração é ruim, no entanto, para os próprios gigantes do setor, uma vez que em um ambiente de concorrência eles se organizariam e buscariam mais eficiência, o que não ocorre em situações de monopólio.

A saída é o pequeno e médio frigoríficos, em parceria com os pecuaristas, aprender a "fatiar" o gigante.

A avaliação é de José Vicente Ferraz, diretor-técnico da Informa Economics FNP.

Esse "fatiar" o gigante significa que o pequeno e médio frigoríficos e os pecuaristas devem aproveitar mais as oportunidades de mercado que estão surgindo. "Vão ter de buscar os nichos de mercado, espaço que as grandes indústrias não conseguem atender."

Esses nichos, que são muitos, vêm das novas exigências mundiais de consumo. O consumidor está mais exigente, as famílias são menores, a população está envelhecendo e exigindo mais "saudabilidade" no produto, diz ele.

É nessa área que os frigoríficos menores podem atuar. Por ter um estrutura empresarial menos onerosa, podem fazer parcerias com pecuaristas e atender novas exigências. Frigorífico e pecuaristas lucrariam mais.

"As carnes começam a ser cada vez menos uma commoditiy e a ter cada vez mais uma marca." Essa transformação do setor é a oportunidade que deve ser aproveitada por frigoríficos e pecuaristas, segundo ele.

CENÁRIO OTIMISTA

Ferraz, cuja empresa está lançando o "Anualpec 2012", publicação especializada na pecuária, diz que vão sobreviver as empresas pequenas e médias com padrão de trabalho de alto nível. "Ser pequeno não quer dizer ser despreparado ou clandestino."

O diretor-técnico da Informa alerta, no entanto, que isso é um processo e que não vai ocorrer da noite para o dia. Algumas unidades vão continuar sentindo os efeitos negativos desse processo de concentração, e seria necessária a atuação do governo para evitar esse desequilíbrio. "No médio e longo prazos, porém, o cenário é otimista."

Na avaliação de Ferraz, as empresas de menor porte têm mais facilidade para se relacionar com os fornecedores de gado, podendo exigir padrões específicos dos animais, conforme as exigências do mercado.

A fidelização entre pequenos frigoríficos e pecuaristas pode render mais margem para ambos. Além disso, as indústrias também poderão dar atendimento diferenciado às casas de carnes, restaurantes e churrascarias, atendendo demandas específicas.

Uma das vantagens dessas parcerias é que o preço da carne bovina deve aumentar mais do que o de outras proteínas a partir de agora, o que pode garantir margens melhores ao setor.

O momento é de transformação. O ponto negativo, no entanto, é que as indústrias menores têm mais dificuldade nessa adaptação devido às dificuldades na busca por recursos para investimento em novos produtos. Uma dificuldade que os grandes não tiveram.



Veículo: Folha de S.Paulo


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