Exportações brasileiras de carnes caem e afetam balança no primeiro semestre

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O desempenho das exportações brasileiras em junho foi bastante fraco e gerou o pior superavit semestral da balança comercial nos últimos dez anos.



A interpretação geral desse resultado é que, diante da crise econômica que se concentra na Europa, mas não se restringe a ela, os compradores estão mais escassos, enquanto a concorrência para exportar se acirra.

No caso das principais três carnes (frango, bovina e suína), o resultado da exportação ficou bem abaixo das expectativas, ao recuar em volume, em valor e em preços médios tanto em relação a junho de 2011 como a maio deste ano.

Parece oportuno analisar cada caso, pois, se o desempenho alcançado em junho pelas exportações se transformar numa tendência duradoura, as cadeias produtivas das três carnes sofrerão impactos importantes decorrentes de possíveis quedas de preços e o consumidor poderá, nesse sentido, ser beneficiado.

No caso da carne de frango, as quedas no volume exportado em junho ante junho de 2011 e maio deste ano foram de, respectivamente, 7,4% e 15%.

São percentuais significativos, mas que perdem um pouco da relevância quando se observa que, no acumulado do primeiro semestre em relação a igual período de 2011, houve crescimento de 3,5% nos embarques.

As exportações de carne bovina, em volume, recuaram também em junho em relação a junho de 2011 (4,5%) e em relação a maio (10,7%), queda inferior à registrada para a carne de frango.

Essa queda pode também ser relativizada quando se verifica que, no primeiro semestre, os volumes embarcados cresceram pouco mais de 1% em relação ao volume do primeiro semestre de 2011.

Finalmente, no caso das exportações de carne suína, as quedas no volume exportado em junho foram de expressivos 16,3% em relação a junho de 2011 e de 18% em relação a maio passado.

Nesse caso, a situação parece mais grave, pois, além de as quedas serem maiores, numa análise de mais longo prazo se observa estagnação dos volumes embarcados.

Em termos de valor das exportações, os resultados de junho foram ainda piores que os de volume, mas talvez seja possível considerar que, diante da desvalorização do real ante o dólar, os importadores tenham sido estimulados a barganhar maiores descontos, o que pode minimizar um pouco os resultados.

Em síntese, pode-se dizer que os resultados das exportações de carnes em junho colocam em xeque as expectativas de desempenho, em 2012, até melhor do que o registrado em 2011, notadamente para as carnes bovina e de frango, que, por algumas características específicas de mercado e a competitividade da produção nacional, se acreditava até certo ponto imunes a perdas mais substantivas de mercado.

É preciso apurar até que ponto os resultados alcançados decorrem de uma situação conjuntural de um mercado menos comprador ou se, efetivamente, a produção nacional está perdendo competitividade e, nesse caso, quais fatores estão levando a isso.



Veículo: Folha de S.Paulo


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