Demanda fraca reduz preço do boi gordo

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Cotações refletem também aumento da oferta devido à chegada do período seco, que força a venda de animais

Arroba acumula queda de 11% desde janeiro deste ano; especialistas esperam recuperação durante este semestre

A baixa demanda pela carne bovina e o aumento da oferta de animais para abate mantêm em baixa o preço do boi gordo.

Neste mês, a queda é de 3%, segundo pesquisa da Informa Economics FNP. Em 2012, a arroba caiu 11%, para R$ 93 ontem, em São Paulo.

A retração contraria projeções de especialistas, que esperavam para este mês o início da recuperação dos preços, em queda gradual desde o início deste ano, quando alcançaram R$ 100 por arroba.

"Historicamente, no primeiro semestre são observadas cotações mais altas, que caem até o meio do ano e voltam a se recuperar", afirma Alex Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria.

Segundo ele, a pressão de baixa neste momento se deve a uma inesperada queda da demanda no mercado interno e a um prolongamento atípico do período de chuvas.

Com as boas condições no pasto, os pecuaristas esperaram para comercializar os animais. Com o início do período seco, são obrigados a vender, aumentando a oferta.

Apesar de confirmar a "desova" de animais remanescentes no pasto, José Vicente Ferraz, diretor da Informa Economics FNP, diz que o comportamento da demanda é a principal influência para a queda dos preços. "Atacado e varejo reclamam que o consumo interno está abaixo do esperado."

A perspectiva, segundo Sergio De Zen, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), não é animadora. "Estamos num momento de crise global em que se pode esperar a redução do consumo de forma geral."

EXPORTAÇÕES

O cenário de crise explica também o desempenho das exportações. Em junho, a receita com os embarques de carne bovina caiu 13% em relação a maio e 10% ante igual mês de 2011.

"A maior parte da produção brasileira é voltada ao mercado interno, mas as vendas externas poderiam contribuir para escoar o excesso e equilibrar os preços, o que não está acontecendo", diz Adriana Mascarenhas, assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).


Veículo: Folha de S.Paulo


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