A carne bovina está barrando um aumento de preços mais acentuado na carne de frango e suína por ter menor dependência de commodities que estão em alta no mercado internacional, afirmou o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Salomão Quadros.
Os preços das carnes de porco e de aves estão sendo pressionados pelo aumento do valor dos grãos que servem de insumos para ração, que é mais utilizada para esses dois tipos de animais. Segundo o economista, a carne de boi apresentou deflação de preços em agosto e isso inibe aumentos de outras carnes nos supermercados.
"A carne bovina segura o repasse do preço dos grãos às outras carnes. Tanto que vemos que no varejo a carne suína ainda não está acelerando", disse o economista, em entrevista coletiva para detalhar o resultado do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) de agosto. Para o consumidor, a carne de boi apresentou em agosto uma taxa negativa de 0,06%.
Já a carne de porco subiu em toda a cadeia, desde o produtor até o consumidor. Mas no último estágio, o do consumo, houve em agosto uma desaceleração de preço, para 0,77%, de 1,15% em julho.
De acordo com Quadros, a produção de carne bovina foi muita alta esse ano e, aliada à uma exportação debilitada, levou a uma maior oferta no mercado interno, o que impede que outras carnes tenham aumento de preços mais acentuado.
A alta dos grãos no mercado internacional afetou primeiramente a carne de frango, que no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 1,56% em agosto para o frango inteiro e 0,44% para o frango em pedaços.
Mas, de acordo com Salomão, outros produtos compensaram essa alta e levaram o grupo Alimentação a fechar o mês com desaceleração de preços. "Alimentação segue nível confortável. Se as aves começam a pressionar, as frutas já desaceleram", disse. O tomate saiu de alta de 51,28% em julho para avanço de 36,32% em agosto.
Para ele, o impacto de preços provocado pela política governamental de estímulo ao consumo por meio de redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) já foi quase totalmente absorvido. É o caso dos automóveis novos, a queda de cujos preços foi bem menor em agosto do que o observado em julho (-1,29%).
Veículo: DCI