Granjas, que chegaram a receber R$ 3,70/kg pelo animal vivo, estão comercializando hoje a R$ 3,00/kg.
O encarecimento da carne suína no varejo impactou de forma negativa o consumo ao longo de agosto, o que provocou nova queda na cotação do suíno vivo. De acordo com dados da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), durante a primeira quinzena o produtor chegou a receber R$ 3,70 pelo quilo do animal vivo, porém, no encerramento do mês o valor recuou para R$ 3,00/kg, queda de 18,9%.
Para o vice-presidente da Asemg, José Arnaldo Cardoso Pena, com a retração, a grande maioria dos suinocultores mineiros voltou a trabalhar com os custos acima dos preços recebidos. "A valorização da carne é de fundamental importância para que o produtor dê seguimento à atividade. O momento atual é crítico, já que os custos ultrapassam ou se igualam aos preços recebidos, o que desestimula a atividade. As conseqüências poderão ser a redução da produção e o fechamento de algumas unidades", avalia.
Ainda segundo o representante da Asemg, uma das justificativas para a queda nos preços foi o encarecimento do produto no mercado final, em um período em que a oferta de outras carnes é grande e os preços mais competitivos. A suspeita é de que os repasses voltados para os consumidores tenham sido superiores à alta registrada nos preços pagos aos suinocultores.
Os custos do setor foram puxados para cima pela elevação dos preços da soja e do milho, após a confirmação de quebra de safra nos Estados Unidos, o que reduziu a oferta mundial dos grãos. Enquanto o quilo do suíno vivo está avaliado em R$ 3,00, os custos variam entre R$ 3,00 e R$ 3,20, dependendo da região produtiva.
O cenário mais crítico é vivenciado na Zona da Mata, região de grande produção de suínos, mas a oferta de grãos é pequena e o custo com o frete é maior.
Perspectiva - Situação mais tranqüila, mas não menos desfavorável, é observada no Triângulo Mineiro, onde o custo está igualado aos preços recebidos pelos produtores. que a região é grande produtora de grãos, o que eleva a oferta do insumo e reduz os preços do frete.
"O suinocultor voltou a desenvolver a atividade sem perspectiva. Com a alta registrada no início de agosto, e que não se sustentou ao longo do mês, já trabalhávamos com a possibilidade de amortizarmos parte dos prejuízos acumulados", ressalta.
No curto prazo, a expectativa do setor é de que, com o encarecimento da carne bovina devido ao período de entressafra, os preços dos cortes suínos sejam ampliados. Além disso, o segundo semestre costuma ser de cotações mais valorizadas devido às festas de final de ano.
O reconhecimento por parte do Japão de que a carne suína produzida em Santa Catarina está livre de febre aftosa deverá favorecer, no próximo ano, o mercado mineiro. O país asiático é um dos maiores importadores do produto, respondendo por cerca de 15% do mercado internacional, o que contribuirá, segundo a Asemg, para a expansão das exportações e para a redução da oferta no mercado interno. Também existem expectativas positivas em relação à aquisição de produtos por parte da China, mesmo com menor valor agregado.
"No longo prazo temos expectativas positivas para o setor, já que a diversificação dos mercados é fundamental para equilibrar a oferta à demanda no mercado interno. Além dos países asiáticos, a abertura do mercado norte-americano para o produto brasileiro servirá como um passaporte para que as negociações sejam realizadas com outros compradores externos. Isso pelo nível de exigência dos Estados Unidos ser superior e utilizado como referência no mercado internacional", diz.
Em agosto, o Brasil exportou 47 mil toneladas de carne suína in natura. Na comparação com julho houve alta de 25% sobre as 37,6 mil toneladas embarcadas. Comparando com o mesmo mês de 2011, houve aumento de 21,4%. Em agosto, o faturamento totalizou US$ 120,4 milhões, 24,9% maior que o apurado no mês anterior e 10,4% acima do mesmo período de 2011.
Veículo: Diário do Comércio - MG