Avícola cancela investimento e fecha granja com crise atual

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O diretor da carteira de crédito rural do Banco do Brasil (BB), ex-senador Osmar Dias, se reúne hoje, em São Paulo, com produtores de frangos, na sede da União Brasileira de Avicultura (Ubabef). No encontro que tem por objetivo buscar saída da "pior crise da história", Dias dará ouvidos à maior preocupação do segmento, que é a falta de liquidez e a necessidade de financiamento especial.

 

No acumulado de doze meses até agosto, o custo de produção de frango subiu 50%, e o preço pago ao produtor cresceu 9,2%, segundo a divisão de Aves & Suínos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

 

Responsável pelo fornecimento de insumos à base produtiva, principalmente no sul, a agroindústria vem sentindo os efeitos da elevação de gastos desde a metade do ano, quando as cotações do milho explodiram, em razão de dúvidas quanto à oferta, no mercado internacional.

 

O complexo industrial da avícola BR Frango, em Santo Inácio (PR), começou a operar em maio, com investimento de R$ 120 milhões, mas já teve de arcar com a redução do nível de abates: de 70 mil para 35 mil cabeças por dia. "Eu e 99% da cadeia produtiva enfrentamos essa crise, que é a pior de todos os tempos", lamenta o ex-diretor da Frangobrás Reinaldo Morais - atualmente presidente da BR Frango -, que havia anunciado aportes de R$ 800 milhões no primeiro semestre.

 

Com custos 60% maiores num período de 45 dias, o frigorífico paranaense demitiu 300 funcionários, paralisou cerca de 70 granjas próprias e cortou gastos relativos às outras 70, em média, que funcionam no modelo de integração. Outro empreendimento de Morais, previsto para Mato Grosso, em 2014, com projeção de abate de 420 mil frangos por dia, "foi abortado até que tenhamos condição de retomá-lo".

 

"A agroindústria, que por muitos anos foi sinônimo de [fornecimento de] ração barata, hoje está pagando essa conta enorme", observa o empresário, para quem a criação de linhas de crédito especiais é a principal saída.

 

Para ele, o mecanismo de venda-balcão (de milho, nesse caso), previsto na política agrícola brasileira, seria uma solução. Porém, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) enfrenta sérias dificuldades na distribuição dos estoques públicos do cereal.

 

Em Santa Catarina, menos de 10% dos dois milhões de toneladas de milho público demandados pelos produtores de aves e suínos chegaram aos armazéns, segundo o diretor da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo de Gouvêa. "A situação continua grave pois até agora não houve nada concreto em relação a insumos. O produtor não tem acesso e a indústria é significativamente afetada", diz.

 

Cooperativa imune

 

O modelo de gestão descentralizado, com a participação de nove cooperativas interligadas, suavizou os efeitos da crise no caso da Coopercentral Aurora, de acordo com o presidente da Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan. A companhia intensificou as operações, ao invés de freá-las, para resistir à alta dos custos.

 

"Aí é que está o diferencial: otimização", afirma Zordan, também diretor da Aurora, ao explicar por que a companhia se manteve praticamente imune à situação crítica do mercado.

 

Enquanto os custos se agravavam, os cooperados de Abelardo Luz (SC) ampliaram os abates de um frigorífico da Aurora de 110 mil para 140 mil unidades e ampliaram a desossa de frango destinado ao Japão de 30% para 100%. A empresa também repassou 8% de custos ao consumidor final.

 


Veículo: DCI


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