Crise que afeta setor é dramática para mais de 18 empresas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aponta Ubabef


O momento crítico da avicultura brasileira já tem reflexos na produção, cujo volume deverá cair 10% neste ano, representando o equivalente a 1 milhão de toneladas a menos no mercado e reduzindo ainda mais as margens do setor, atualmente em 5%. A previsão é do presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, que ainda falou das dificuldades enfrentadas por mais de 18 pequenas e médias empresas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, durante o Tá na Mesa de quarta-feira, na Federasul. “Muitas empresas já reduziram os turnos de abate. Fomos surpreendidos pela maior crise mundial dos últimos anos, isso consequentemente resulta no aumento do preço do frango, que é a principal proteína animal consumida no País.” Segundo o executivo, este repasse já está acontecendo.

Ainda sem abalar o market share, a avicultura brasileira se mantém líder nas exportações em todo o mundo, respondendo por 41% das vendas. No entanto, em todo o País, cerca de 6 mil pessoas perderam empregos no setor. Responsável por 72% da produção de aves, a região Sul está entre as mais atingidas pela falta de insumos. Dos três estados, o único não prejudicado pelos impactos da estiagem foi o Paraná. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, faltaram milho e soja, gerando alta nos custos (em mais de 40%) desses grãos, que são usados nas rações.

“De janeiro a julho, o Brasil exportou 4,9 milhões de toneladas de milho. Este número pulou em agosto para 2,7 milhões de toneladas devido à seca norte-americana, que teve uma dimensão enorme, levando o equivalente a 10% da safra de milho do mundo”, disse. Turra prevê que, nos próximos meses, a média mensal das exportações do grão de milho deva ser de 3 milhões de toneladas. “Isso significa que em janeiro o País terá um estoque muito pequeno do produto: apenas 4,412 milhões de toneladas”, alertou o executivo. Somente a avicultura consome 2,5 milhões de toneladas por mês.

O presidente da Ubabef destacou que o setor tem solicitado ao governo apoio para escoamento da safra de milho do Centro-Oeste do País (onde a produção foi recorde) até as áreas avícolas do Sul, o que ajudaria “um pouco”. Mas o grande pleito junto à União é o crédito para as pequenas empresas. “Caso não aconteça, a sobrevivência delas está em risco. As grandes ainda têm condições de estocar milho e farelo de soja.” Turra justifica que, anteriormente, os pequenos produtores tinham prazo para pagar compras de grãos para ração, mas agora eles precisam pagar à vista. “Para muitas empresas, está faltando ração e crédito, que tem sido dificultado pelos bancos”, reforçou.

Nem mesmo a desoneração da folha de pagamentos estabelecida pelo governo federal será suficiente para que os avicultores driblem o cenário de crise, caso nada seja feito para solucionar esses problemas, garante o presidente da Ubabef. “Também precisamos, mais do que nunca, ser autossuficientes em milho no Rio Grande do Sul, que ainda é importador”, destacou o dirigente, lamentando a redução de área de cultivo no Estado.


Veículo: Jornal do Comércio - RS